A voz de Mário Soares será uma das que ecoam de forma mais estridente contra as políticas do actual Executivo. A sua opinião, aliás, fê-la expressar, juntamente com outras 77 figuras de proa da sociedade numa carta aberta ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, e enviada também ao Presidente da República, que foi mais uma pedra no charco da contestação ao Governo por si liderado.
Ora, o ex-Presidente da República vem agora refutar qualquer teoria assente no facto de o líder do seu partido, António José Seguro, se ter oposto ao envio da missiva que, entretanto, por ter já mais de 2 mil subscritores, ganhou contornos de petição pública.
Soares garante que comunicou ao secretário-geral do PS “o que ia fazer”, sendo que o mesmo “não fez objecção” à carta aberta, destaca o histórico socialista, em declarações ao Diário de Notícias.
Refira-se que um artigo da autoria de Mário Soares e ontem publicado no Diário de Notícias, contribuiu para incendiar mais a polémica em torno da sua manifesta relutância face a Pedro Passos Coelho. Nesse texto Soares alertava para o “risco” que o primeiro-ministro enfrenta, nomeadamente de violência física, por parte de pessoas revoltadas com a sua estratégia governamental.
“O povo não existe para o primeiro-ministro. (…) Tenha, pois, cuidado com o que lhe possa acontecer. Com o povo desesperado e, em grande parte, na miséria, corre imensos riscos”, escreveu Soares.
Tanto o deputado social-democrata Pedro Pinto, como o eurodeputado, também do PSD, Paulo Rangel, criticam a atitude do ex-Presidente da República, classificando-a este último de “irresponsável”. Em sentido contrário, Carlos Zorrinho, líder parlamentar do PS, comunga da perspectiva de Soares.