"Muitas vezes, faz-se erradamente uma análise da reputação. Olha-se para a reputação como algo que tem a ver apenas com o caráter do sujeito político", mas há também a perceção que os indivíduos têm sobre "as competências" dos políticos, explicou.
Bruno Paixão, que é membro do projeto de investigação "Corrupção Política nos Media", dinamizado pelo Centro de Investigação Media e Jornalismo, vai abordar hoje a questão da reputação de políticos na sua comunicação no Congresso Internacional em Comunicação Política e Estratégias de Campanha, em Santiago de Compostela, Espanha.
Se o eleitor tem a perceção de que o autarca "resolve problemas concretos da população e se os resolve melhor do que os outros", leva a que "a reputação de caráter perca terreno face ao terreno da competência", referiu, frisando que os eleitores portugueses "preferem a competência ao capital moral ou ético".
O investigador recordou o caso de Ademar de Barros, governador de São Paulo, que usou em campanha o lema "Rouba, mas faz".
O efeito de pragmatismo leva a que os cidadãos "prefiram ter a estrada alcatroada à sua porta", observou Bruno Paixão, salientando ainda que esta situação deve-se também a "uma questão cultural, enraizada nas sociedades" da Europa do Sul, como Espanha, Grécia, Itália ou Portugal.
Para além destas razões, pode-se ainda apontar para "um certo efeito de anestesia", conformismo e um sentimento de "impotência" por parte dos eleitores perante este tipo de situações.
O investigador recordou alguns casos portugueses, como Isaltino Morais, Fátima Felgueiras e Valentim Loureiro, que, apesar de envolvidos em processos judiciais, venceram as eleições nas suas autarquias em 2005.