Bustos de António Óscar Carmona, Américo Tomás e Craveiro Lopes estão, desde terça-feira, no andar nobre do Parlamento, como parte integrante de uma exposição sobre Presidentes da República portuguesa.
Mas, ainda que estes tenham sido presidentes, o facto de serem figuras do Estado Novo está a gerar indignação na ala esquerda.
De acordo com o Expresso, a polémica foi espoletada pelo deputado comunista António Filipe, que é também vice-presidente da Assembleia da República. A ele juntaram-se os socialistas Isabel Moreira e Jorge Lacão e a bloquista Cecília Honório, pedindo a suspensão da exposição.
"É completamente absurdo e enxovalhante que o andar nobre da Assembleia da República receba uma exposição com os bustos da ditadura. Isto não pode ser assim! Quando vi isto senti-me insultado", afirmou António Filipe, que não deixou de fazer uma comparação com Itália e Alemanha, caso lá estivessem expostas figuras de Mussolini ou Hitler.
Já do lado da direita, Carlos Abreu Amorim (do PSD) e Teresa Anjinho (do CDS) reagiram, dizendo que "não podemos apagar nem rescrever a História".
Ao Observador, o vice-presidente da Assembleia, Guilherme Silva, confirmou que a discussão vai ser encaminhada para Conferência de Líderes.
A agência Lusa dá conta de que o assunto será discutido numa reunião da comissão parlamentar de Educação convocada para hoje ao fim do dia, segundo propôs o presidente desta comissão, o deputado do CDS-PP, Abel Baptista.
O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, contestou igualmente os critérios da apresentação dos bustos, sem qualquer referência crítica ao fascismo, exigindo que sejam retirados do corredor e que exposição seja suspensa para que o parlamento não contribua para "uma lavagem da imagem do país".
Exigindo também a suspensão da exposição por "meter tudo no mesmo saco", o deputado do PEV José Luís Ferreira apelou para um "consenso democrático" que suspenda a exposição.
Na bancada do PS, o deputado José Junqueiro não disse qual a posição do grupo parlamentar sobre a exposição, considerando "adequado" que o tema fosse tratado em conferência de líderes, tal como propuseram PCP e BE.
[Notícia atualizada às 17h50]