"Creio que está a precipitar-se, mas é bastante claro que há uma óbvia aproximação e proximidade política entre a Fórum Manifesto e o Partido Livre e uma leitura partilhada sobre a necessidade de surgir à esquerda uma resposta para a vida dos portugueses que tenha consequências reais. Estamos dispostos a arriscar e a entrar num espaço de diálogo que não existe há décadas na esquerda para que seja possível construir esses compromissos", disse, à margem do I Congresso do "partido da papoila", em Sintra.
Para a dissidente do BE, "começar um debate político sobre as dificuldades que existem no campo da esquerda - elas são muitas, conhecidas e até são históricas - por uma discussão sobre nomes não nos ajuda em nada".
"O problema não é juntar algumas organizações, é criar uma dinâmica à esquerda capaz de assumir responsabilidades", disse.
"Isso é público. Tem havido um conjunto de reuniões entre a direção da Fórum Manifesto e do Partido Livre no sentido de encontrar uma plataforma política que permita uma candidatura em 2015. Isso depende do debate que hoje o Livre está a fazer. Há uma vontade clara da Manifesto de caminhar para construir essa plataforma", reconheceu, defendendo "uma convergência de esquerdas que são diferentes, mas que percebem que a sua união é determinante para o país".
Questionada sobre a presença do socialista António Costa e recente vencedor das 'primárias' contra António José Seguro, Ana Drago considerou que o atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa não foi "suficientemente claro", mas que o PS é essencial a um futuro executivo de esquerda.
"António Costa acaba de assumir que é o candidato do PS a primeiro-ministro. Disse algumas coisas durante o debate interno, mas ainda não é suficientemente claro perceber por onde é que o PS vai apresentar uma alternativa política aos portugueses", afirmou.
Segundo a dirigente da Fórum Manifesto, à qual pertence ainda o também dissidente bloquista Daniel Oliveira, "é determinante existir um governo de esquerda".
"Creio que não é possível haver em Portugal um governo de esquerda sem o PS, mas também é possível haver um governo do PS que não seja de esquerda porque o PS já construiu extraordinárias políticas para a democracia portuguesa, mas também já as atacou num outro momento", avisou.