O dirigente centrista e responsável pela Unicer, António Pires de Lima, foi o convidado desta semana da iniciativa ‘Redacção Aberta’ do Jornal de Negócios, e, nesse contexto, abordou as mais variadas temáticas que têm ditado os batimentos cardíacos do País, sugerindo, nomeadamente, que se medite sobre se “não foi inconstitucional, ao longo dos últimos 30 anos entrarmos três vezes em bancarrota”, bem como se “não é inconstitucional termos primeiros-ministros que levem o País à bancarrota”.
Neste sentido, o responsável alerta para o facto de corrermos o risco de uma “coisa excêntrica”, “que é procurar fazer de Portugal um País sustentável financeiramente e isso ser considerado inconstitucional”. A propósito dos cortes de 4 mil milhões de euros nas funções sociais do Estado já anunciadas pelo Governo, Pires de Lima considera que se “deve proteger ao máximo aquilo que é o nosso Serviço Nacional de Saúde”, manifestando-se também contra a introdução de co-pagamentos no ensino obrigatório.
No entender do responsável, “este Governo é bem mais competente e credível do que seria um Governo de José Sócrates”, sendo que, “quem quer que estivesse no Governo neste momento, se não quisesse rasgar pura e simplesmente o memorando que foi assinado, teria de executar o programa da troika”. Aliás, frisa, “quem manda é a troika e são os credores”. Ainda assim, o dirigente do CDS reconhece que há sacrifícios que se exigem aos portugueses que são “extremamente violentos e que em alguns casos roçam já o confisco”.
Pires de Lima deixa um recado ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, alertando para o facto de que este deve evitar que o próximo Orçamento do Estado “seja um ditame do ministro das Finanças” e acrescenta que “o regresso aos mercados financeiros está longe de ser o único objectivo do País e das pessoas”, considerando ainda que “é discutível que a receita até agora aplicada tenha como efeito pôr o País a crescer, algures entre o final de 2013 e o início de 2014”.
O presidente da Unicer diz, por outro lado, que não se revê “na agenda deste Governo para a RTP” e aconselha o CDS a não “abdicar da sua autonomia discursiva” no seio da coligação governamental.