"Hoje a empresa não é portuguesa como resultado da interferência maravilhosa do anterior Governo na administração da PT. A PT acabou a ser brasileira. É a realidade e, se me dizem que a Oi não está interessada, só posso desejar que apareçam vários outros potenciais acionistas interessados", afirmou Pires de Lima, que está a ser ouvido há quatro horas no parlamento sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2015.
O ministro da Economia garantiu que o Governo está atento ao futuro da empresa, mas decretou o fim dos tempos em que havia "secretários de Estado, ministros ou primeiros-ministros com a mania de que são também administradores ou gestores, metendo o nariz onde não são chamados e procurando substituir as competências dos acionistas".
Numa reunião conjunta da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública e da Comissão de Economia e Obras Públicas, Pires de Lima defendeu que é importante "virar de página" na empresa, que se vier a ser alienada deverá ser "num processo competitivo e transparente".
"A PT hoje vale menos 10 mil milhões de euros do que valia em 2006", contabilizou, adiantando que é o somatório "entre aquilo que foram as intervenções do Estado, através do Governo, direta ou indiretamente, e da gestão da PT, que foi nomeada com forte influência do Governo".
Para o governante, a desvalorização da PT "resultou do voluntarismo intervencionista que obrigou a empresa a fazer escolhas que se revelaram erradas no Brasil e que saíram muito caras e a assegurar um programa de pagamento de dividendos para contrariar uma OPA, que tirou da empresa quase oito mil milhões de euros em dividendos nos últimos anos".
"Uma administração, que chegou ao ponto de em julho assumir aquele compromisso com a RioForte [empresa do Grupo Espírito Santo], demonstrando como estava capturada por interesses privados passados", acrescentou.
Relativamente ao futuro, Pires de Lima considerou que a PT precisa de um acionista com capital que contribua para o seu desenvolvimento e contrarie a descapitalização enquanto o Estado foi acionista.
A PT "precisa de um acionista com poder de capital para a fazer crescer. Não sei se esse acionista é o atual acionista ou não, mas qualquer empresa precisa de capital para se desenvolver", acrescentou.
E não tem dúvida de que "um acionista que quer investir seis, sete ou oito mil milhões é porque confia na empresa e em Portugal".
"É importante que a PT tenha acionistas que façam de Portugal um ponto central da sua estratégia de investimento", concluiu.