"Não há conflito de interesses quando a Comissão Europeia abre uma investigação sobre ajudas de Estado no Luxemburgo", sublinhou Juncker, que apareceu de surpresa na habitual conferência de imprensa diária na Comissão Europeia.
O chefe do executivo comunitário adiantou ainda ter assumido o compromisso de lutar contra a evasão e a fraude fiscais.
"Quero que todos saibam que não são propostas vãs, mas refletem o objetivo da Comissão", referiu, salientando que irá propor uma diretiva (lei europeia) que prevê a troca automática de informações sobre acordos fiscais com empresas.
Juncker admitiu, no entanto, ser "politicamente responsável" no caso, uma vez que foi primeiro-ministro do país entre 1995 e 2013, mas referiu não ter sido o "arquiteto" do sistema fiscal luxemburguês.
O caso vai ser ainda hoje debatido no Parlamento Europeu, que está reunido em mini-sessão em Bruxelas, com a presença dos comissários europeus para a Concorrência, Margrethe Vestager, e dos Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici.
A Comissão Europeia decidiu em junho, ainda sob a presidência de Durão Barroso, investigar o regime de benefícios fiscais que o Luxemburgo, entre outros Estados-membros como a Holanda e a Irlanda, aplicam a empresas multinacionais para averiguar se configuram ajudas de Estado ilegais.
Entretanto, o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação teve acesso a documentos indicando que 340 multinacionais estão a lucrar com acordos preferenciais e a provocar a perda de milhares de milhões de euros ao Estado, num caso conhecido como 'LuxLeaks'.