"Acho que [Cavaco Silva] criou um problema a si próprio. A mim não me criou [um problema], estou de acordo com ele", declarou António Costa na RTP, depois de confrontado com o teor da entrevista dada sábado passado pelo chefe de Estado ao jornal "Expresso".
Na entrevista que concedeu à RTP, que durou pouco menos de 30 minutos, o candidato único a secretário-geral do PS reiterou que nas próximas eleições legislativas os socialistas vão bater-se por uma maioria absoluta.
"Se eu não tiver [maioria absoluta], o Presidente da República tem um problema, porque fixou um calendário numa fase em que ele próprio já é impotente, visto que já estará limitado no exercício das suas competências presidenciais" no último trimestre de 2015, sustentou António Costa.
Nesse último trimestre de 2015, Costa salientou que o chefe de Estado já não dispõe dos meios para agir, "a não ser simplesmente arrastar mais algum tempo este Governo hoje já agónico e então que depois de uma derrota eleitoral já será uma insustentabilidade política".
"Não tenho a menor das dúvidas que o melhor para o país é que o próximo Governo tenha maioria absoluta. É para isso que nos vamos bater", insistiu.
Interrogado se exclui o PSD e o CDS de uma coligação de Governo, o presidente da Câmara de Lisboa disse que o mandato que os portugueses darão ao PS "é para que seja alternativa" ao atual executivo.
"Não faz sentido construir a alternativa com o PSD e o CDS, partidos que querem prosseguir precisamente esta política. Nunca exclui nenhuma outra força política de uma solução de Governo - e recuso esse conceito (que até o Presidente da República utiliza) de arco da governação. A única solução estável, coerente e consistente é o PS ter maioria absoluta", defendeu.
Confrontado com as críticas que recebeu (sobretudo de ministros do CDS) por ter aumentado as taxas turísticas em Lisboa, António Costa contrapôs: "É preciso o Governo ter muita lata para nos criticar por causa de uma taxa de um euro sobre os turistas".
Neste ponto, o presidente da Câmara de Lisboa advogou que as reduções que introduziu no IRS e no IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) permitem aos lisboetas pagarem menos 117 milhões de euros em impostos, o que compensará os recentes aumentos de taxas turísticas.