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Macedo sai por autoridade diminuída, partidos elogiam

Miguel Macedo anunciou hoje a sua demissão do cargo de ministro da Administração Interna, garantindo não ter qualquer intervenção no processo dos vistos 'gold' mas reconhecendo que a investigação em curso o deixou com "autoridade diminuída".

Macedo sai por autoridade diminuída, partidos elogiam
Notícias ao Minuto

06:13 - 17/11/14 por Lusa

Política Governo

"Não tenho qualquer intervenção administrativa no processo de atribuição de vistos e pessoalmente, nada tenho a ver com as investigações e o processo em curso, bcomo de resto se infere da nota pública emitida pela Procuradoria-Geral da República", afirmou Macedo numa declaração lida no Ministério da Administração Interna.

Várias pessoas próximas de Miguel Macedo, como o presidente do Instituto de Registos e Notariado, António Figueiredo, e o diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Manuel Palos, estão a ser investigados no âmbito da Operação Labirinto, que visa alegados casos de corrupção na atribuição de vistos 'gold'.

"O ministro da Administração Interna pelas funções que exerce em áreas de especial sensibilidade e exigência tem de ter sempre uma forte autoridade para exercício pleno e eficaz das suas responsabilidades. É essa autoridade que politicamente entendo ter ficado diminuída e um ministro nesta pasta não pode ter nunca a sua autoridade diminuída", reforçou.

Miguel Macedo referiu ainda que só hoje concretizou a sua intenção inicial porque aceitou fazer "a reponderação que generosamente" foi pedida pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que hoje aceitou o pedido de demissão.

Momentos depois do anúncio de Miguel Macedo, o PSD, pela voz do seu vice-presidente e deputado José Matos Correia, elogiou a dignidade de Miguel Macedo, recusando fazer comparações com as situações de outros ministros.

O outro partido da coligação governamental, o CDS-PP, afirmou respeitar as razões invocadas por Miguel Macedo para se demitir, mas lamentou a sua saída do executivo, com o líder da bancada centrista, Nuno Magalhães, a indicar que "manteve a lei e ordem com firmeza sem com isso preludiar liberdades ou garantias".

Do lado da oposição, o PS considerou que a lucidez de Macedo ao pedir a demissão do cargo contrasta com a "falta de lucidez" do primeiro-ministro e de outros governantes, como os ministros da Justiça e Educação.

Por seu lado, o Bloco de Esquerda afirmou que a demissão de Miguel Macedo comprova a necessidade de extinguir os vistos 'gold', insistindo que Paulo Portas deve "responder por uma medida" que apenas trouxe "negócios escuros" ao país.

Para o Partido Comunista (PCP), a demissão do ministro da Administração Interna é insuficiente porque "as consequências políticas" do caso dos vistos 'gold' "são mais profundas", defendendo ainda que o Presidente da República deve demitir o Governo e convocar eleições.

Paulo Rodrigues, dirigente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), afirmou que aquela estrutura encara o futuro "com muito ceticismo" com a demissão de Miguel Macedo, uma vez que se trata de um momento "extremamente delicado" para os polícias, por estarem em discussão diplomas legais importantes para o setor.

A Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG) foi uma das entidades que reagiu à demissão de Macedo, afirmando que se sente defraudada pelo ex-ministro por, enquanto titular da pasta da Administração Interna, não ter resolvido os problemas da GNR.

Miguel Macedo é o terceiro ministro a demitir-se do XIX Governo Constitucional, liderado por Pedro Passos Coelho, depois de Miguel Relvas em abril de 2013 e de Vítor Gaspar em julho do mesmo ano. O governo de coligação PSD/CDS-PP teve ainda outra baixa em julho de 2013, quando o então ministro da Economia Álvaro Santos Pereira foi exonerado do cargo, sendo substituído por António Pires de Lima.

O percurso de Miguel Macedo enquanto ministro da Administração Interna ficará marcado pelas duas maiores manifestações de sempre dos polícias, tendo uma delas terminado com a invasão da escadaria da Assembleia da República.

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