Naquele que foi o seu segundo comentário da noite sobre a detenção de José Sócrates, que ficará mais uma noite detido, Marcelo Rebelo de Sousa quis destacar que “estamos perante um dos três primeiros-ministros que mais apoio popular teve em 40 anos de democracia”.
Para Marcelo, o facto de se tratar de um ex-chefe de Governo e, em especial, de um que “bateu a primeira maioria absoluta de Sá Carneiro”, o impacto no país, no partido e na política poderá ser maior.
Em comentário na TVI, o professor disse que a detenção de Sócrates deixou o país “com a boca em ‘O’” e que, mesmo para aqueles que esperavam que um dia tal acontecesse, nada o fazia prever, pois “era muita coisa numa semana [marcada pelas detenções no caso dos vistos gold]”.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu ainda que a situação do ex-primeiro-ministro generaliza o descrédito, pois, defendeu, “fica-se a pensar que os políticos são todos iguais”.
“Culminar esta semana com a detenção é uma falta de ar”, enfatizou.
Sabido que a situação em que Sócrates está envolvido tem sempre um impacto, mesmo que indireto, na política nacional, Marcelo Rebelo de Sousa quis destacar os efeitos que pode causar no Partido Socialista (PS).
Depois de classificar como “pura coincidência” o facto de Sócrates ter sido detido na noite em que António Costa é eleito secretário-geral do PS, Marcelo sublinhou que a situação vai ser “uma dor de cabeça” maior para o autarca de Lisboa do que seria para qualquer outro líder ‘rosa’.
“Qualquer líder do PS teria nisto uma dificuldade muito complicada, uma dor de cabeça, mas no caso de Costa é uma maior dor de cabeça. António Costa está por natureza colado a Sócrates desde o primeiro governo”, sublinhou o social-democrata, alertando que “o PSD e CDS martelam nisso sistematicamente”.
Segundo Marcelo, Costa vai ter agora uma nova dificuldade na “escolha do pessoal político”, pois, acrescentou, “ou é socrático a mais ou tem que ir buscar pessoal jovem”.
Sobre a reação do autarca relativamente à detenção de Sócrates, Marcelo descreveu-a como “primorosa”, mas alertou para o facto de o PS poder estar sempre ligado aos crimes se estes tiverem sido cometidos durante a liderança de Sócrates no partido.
“Poderá ser uma situação muito grave para o PS. Se Costa ganhar as eleições com um processo Sócrates às costas é um génio”, frisa.