Passos contra economia com "meia dúzia de privilegiados"

O primeiro-ministro afirmou hoje que o PS renega agora um dos compromissos que o executivo Sócrates assumiu com a ´troika' ao prever a privatização total da TAP e defendeu uma economia aberta "sem privilégios de meia dúzia".

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Lusa
12/12/2014 11:49 ‧ 12/12/2014 por Lusa

Política

Debate

Pedro Passos Coelho falava no debate quinzenal, no parlamento, depois de intervenções feitas pelo presidente do Grupo Parlamentar do PS, Ferro Rodrigues, que acusara o Governo de ser neoliberal, privatizando a TAP - empresa que considerou essencial para a defesa da soberania nacional.

O primeiro-ministro respondeu: "A privatização da TAP, que o dr. António Costa tanto critica hoje, era um dos objetivos inscritos no memorando de entendimento [com a ´troika´]. Era uma privatização da TAP a 100 por cento, veja-se até onde ia o neoliberalismo" em maio de 2011, declarou, recebendo uma prolongada salva de palmas.

Sobre a questão da TAP, o líder parlamentar do PS uma citou a recente posição da Comissão Europeia, a qual, na perspetiva dos socialistas, desmontará um dos principais argumentos do executivo para a privatização total da transportadora aérea nacional ao admitir uma recapitalização pública da empresa, embora "num processo delicado".

"O Governo português tinha a obrigação de levar até ao limite essa tentativa [de recapitalização pública] para que a TAP não venha a cair em mãos estrangeiras, porque isso será mau para o papel do país no mundo. É uma questão de soberania e não apenas de empresas", advertiu Ferro Rodrigues.

Pedro Passos Coelho, porém, demonstrou uma perspetiva distinta da corrente socialista sobre a relação do Estado com as empresas em geral, defendendo em contrapartida uma "economia aberta" e "sem privilégios".

"Disse [Ferro Rodrigues] que o Governo tem um discurso contra a PT e contra o Grupo Espirito Santos (GES), que eram empresas muito importantes em Portugal. Não tenho nada contra a PT, nem contra o GES, mas há uma coisa que discordo do senhor deputado: Durante muitos anos tivemos uma economia muito protegida e numa economia muito protegida é típico que os privilégios estejam concentrados numa meia dúzia", sustentou o líder do executivo.

Pelo contrário, de acordo com Passos Coelho, "quanto mais competitiva e aberta é uma economia, mais oportunidades estão ao alcance de todos".

O primeiro-ministro referiu-se depois em concreto à atual situação da PT, em vias de ser vendida aos franceses da Altice.

Pedro Passos Coelho discordou que os problemas da PT estejam relacionados com a perda da ´golden share' pelo Estado.

"Pelo contrário, sempre que o Estado interveio na PT, interveio mal - e o grande mal que aconteceu depois tem a ver como a forma como a PT foi gerida. Isso deveria convidar o PS a uma reflexão importante, esperando que a conclusão a tirar não seja a mesma do PCP ou de outros partidos de esquerda, no sentido de o Estado voltar a uma posição de privilégio dentro da PT", acrescentou o primeiro-ministro.

 

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