Augusto Santos Silva comentou esta terça-feira, na TVI, a atualidade política. O socialista destacou as visitas de António Costa aos diversos partidos políticos, garantindo que com estas deslocações conseguiu quatro resultados. O principal? “marcar a agenda política” e "causar mais uma zanga na coligação".
“Basicamente António Costa anda a apresentar cumprimentos aos partidos políticos e aos parceiros sociais e com isso anda a marcar a agenda política”, afirmou num primeiro ponto o antigo ministro.
Para o comentador, com estas iniciativas foram conseguidos quatro principais resultados políticos. Num primeiro ponto, para Santaos Silva, Costa conseguiu destacar a “centralidade do PS no sistema partidário portugueses e na concertação social, onde tem alguma influência”, até porque, argumenta, “o PS é o único partido que as pessoas entendem ser normal quer com o BE, com o CDS, com o PSD ou com o PCP”.
Mas, além deste facto, considera Santos Silva que o novo líder 'rosa' conseguiu mostrar ter abertura para os partidos à esquerda, “rejeitando a ideia dos partidos do arco da governação”.
“António Costa foi ao Bloco de Esquerda e disse umas banalidades à saída. A porta-voz do Bloco disse que ‘isto é o PS do costume e assim não vamos lá’. Hoje foi ao PCP, disse umas banalidades à saída, veio logo Jerónimo de Sousa dizer que ‘este PS não quer romper com a política de direita, com o tratado orçamental, assim não vamos lá’. Ou seja, António Costa marca pontos no eleitorado à esquerda”, refere.
“Ele [António Costa] aparece como o líder que quer fazer pontes, que não estabelece barreiras. Esse eleitorado de esquerda ouve os partidos a entoar pela enésima vez o velho discurso anti-PS”, razão pela qual o socialista defende que Costa conseguiu, desta forma, ganhar votos.
Porém, destaca Santos Silva a nova “zanga conjugal na coligação”. “Marco António Costa decidiu tirar um coelho da cartola, não o Passos, mas outro, e propor ao PS uma plataforma permanente de diálogo, sem consultar o CDS e sem se referir a ele. O CDS não gostou”, rematou o antigo ministro para justificar a sua posição. “Mais esta guerra de alecrim e manjerona é o resultado objetivo das iniciativas de António Costa”, termina.
Por fim, considera o ex-ministro de José Sócrates que o PSD está a seguir uma estratégia errada ao atacar, já, António Costa, passando de uma posição de líder para a de perseguidor.
“Há um ano eleitoral. Há um partido e um líder de um partido que é um challenger, o que desafia o primeiro-ministro em funções. Mas o primeiro-ministro e o partido do primeiro-ministro tende a tratar António Costa, já, como o primeiro-ministro. Quem faz isto está a dar uma vantagem ao adversário”, explicou.
Por fim, antevendo o embate eleitoral que está planeado para a segunda metade do ano, Augusto Santos Silva disse considerar que António Costa, Passos Coelho e Jerónimo de Sousa partem em posição confortável para o confronto político.
“Julgo que as três pessoas em posição mais confortável, em 2015, são, em primeiro, António Costa; Passos Coelho, que vai atrás, tem uma narrativa coerente; e Jerónimo de Sousa, que a única coisa importante que diz que é ‘quem pode exprimir o vosso protesto, o vosso sentimento de injustiça, a vossa raiva contra quem vos cortou os salários’ também. O Bloco de Esquerda e o CDS parecem-me ser as forças em posição mais desconfortável”, conclui.