Mota Amaral teve "palavras pseudo-simpáticas", mas que apenas serviram "para dificultar a necessidade de esperança que o País precisa", disse à agência Lusa Pedro Pinto, vice-presidente social-democrata e também deputado pelo partido.
"[Mota Amaral] fez uma declaração que não está ao nível do seu passado e das suas responsabilidades", apontou Pedro Pinto, referindo-se ao alerta de hoje do deputado açoriano para o “alastramento de uma verdadeira catástrofe” em Portugal face à “crescente indignação” dos cidadãos, que “não vêem nem finalidade, nem fim, para os cortes de benefícios”.
“A situação geral do país em vez de melhorar, como o Governo promete e todos desejaríamos, tem vindo a degradar-se e basta ter os olhos abertos para comprovar o alastramento de uma verdadeira catástrofe”, afirmou Mota Amaral, num artigo de opinião intitulado “Orçamento de Estado (OE) 2013 – a prova de fogo”, publicado hoje no jornal Correio dos Açores.
Pedro Pinto diz que Mota Amaral pensa que se pode "adiar a crise por mais tempo sem atacar a fundo" os problemas do país, mas adverte que "os portugueses são sábios e não querem mais mentiras" sobre a realidade do país.
O antigo presidente da Assembleia da República Mota Amaral considerou que o “enorme aumento de impostos” determinado para 2013 vai “reduzir contribuintes à insolvência, fazer falir muitas empresas e aumentar o desemprego”, acrescentando que a entrada em aplicação das leis que facilitam o despedimento e despejos “só pode piorar a fractura social”.
“Parece-me ter sido um erro a voluntariosa opção por ir além da ‘troika’, quando a mais elementar prudência – que, como ensinam os clássicos, é a principal virtude requerida aos governantes – aconselhava a ater-se ao conteúdo programático do memorando de entendimento, alegrando assim a base parlamentar e social de apoio ao cumprimento do mesmo”, escreveu Mota Amaral.
O deputado social-democrata açoriano referiu que alertou “em tempo e no lugar devido” para o “custo reputacional” que o executivo sofreria ao adoptar uma medida expressamente negada durante a campanha eleitoral, nomeadamente redução a metade do subsídio de Natal dos funcionários públicos e pensionistas em 2011, agravada com a retirada total dos mesmo e do subsídio de férias em 2012.