"É mentira" que tenha tranquilizado o país sobre o BES

O Presidente da República garantiu hoje aos jornalistas ser “mentira” que tenha feito, durante a visita à Coreia do Sul, uma declaração tranquilizadora sobre o BES. Este esclarecimento de Cavaco surge depois de ser tornada pública uma carta enviada ontem ao Parlamento por Ricardo Salgado, na qual revela que teve reunido não uma das duas vezes com o chefe de Estado para lhe pedir apoio institucional e confiança nos planos de recuperação do BES.

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Ana Lemos
30/01/2015 13:11 ‧ 30/01/2015 por Ana Lemos

Política

Cavaco Silva

Cavaco Silva comentou, ao final da manhã, questionado pelos jornalistas, a polémica que o envolve no caso BES e que foi novamente espoletada com o envio, ontem ao Parlamento, de uma carta assinada por Ricardo Salgado na qual revela que teve não uma (como disse aos deputados da comissão de inquérito) mas duas reuniões com o chefe de Estado, no sentido de lhe solicitar apoio institucional e confiança nos planos de recuperação BES, quando, sublinhe-se, o império Espírito Santo começava a ruir.

No centro da polémica está o facto de o Presidente ter, aquando da visita à Coreia do Sul em julho, afirmado que os portugueses podiam confiar no Banco Espírito Santo, após ter recebido todas as garantias do Banco de Portugal. “O Banco de Portugal tem sido peremtório e categórico a afirmar que os portugueses podem confiar no BES, dado que as folgas de capital são mais que suficientes para cumprir a exposição que o banco tem à parte não financeira, mesmo na situação mais adversa”, disse à data.

Acontece que, nesta altura, Cavaco já sabia que o império Espírito Santo estava ‘em maus lençóis’ e a prova está na carta de Salgado, na qual são mencionados dois encontros com o chefe de Estado em Belém, no final de março e no início de maio, ou seja, meses antes da deslocação à Coreia. Mas hoje aos jornalistas garantiu ser "mentira" que tenha tentado tranquilizar os portugueses.

“As declarações que dizem que fiz na Coreia foram sobre o Banco de Portugal e mais nada. O Presidente da República para poder desempenhar as suas funções deve continuar a ouvir os portugueses, deve continuar a ouvir os presidentes de bancos sempre que necessitarem, diretores de instituições, e muitos outros portugueses”, explicou.

Além disso, esclareceu, essas audiências “são e serão sempre reservadas” e “nunca seria capaz de dizer [o que lá se passa]. Sempre fui rigoroso a ouvir o que me comunicam” e, reiterou: “O Presidente da República nunca fez nenhuma declaração sobre o BES”. Cavaco defendeu-se ainda com o facto de ser o “único político [em Portugal] que tudo o que diz está no site da Presidência”.

E quanto às reuniões com Salgado, advogou que “tudo o que se vá dizer [a Belém] é reservado. [Pelo que] não tenho esclarecimentos adicionais a prestar porque não tomo decisões em relação ao sistema financeiro ou a outras áreas. Tive mais de 2.500 audiências, essa [com Salgado] é apenas uma e continuará a ser assim. Quem fala com o Presidente da República tem de ter a certeza de que aquilo que lhe conta não dirá a mais ninguém”, concluiu Cavaco Silva.

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