‘Portugal e o novo clima’ é o título do texto que esta terça-feira, como habitualmente, Mário Soares, histórico socialista e antigo Presidente da República, assina no Diário de Notícias, e que serve de mote para falar sobre as recentes eleições na Grécia que classifica de “o maior acontecimento político da semana que passou”.
“Avitória de Tsipras na Grécia e o fracasso da senhora Merkel, quando quis, em vão, dominar Tsipras. Pelo contrário, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou a Alexis Tsipras a dar-lhe os parabéns e ao novo governo grego. (...) Um telefonema que impressinou a União Europeia”, destaca Soares.
Mas, avisa o histórico socialista, esta eleição e mudança de rumo na Grécia prova “que a longa crise europeia está a passar e Portugal, devido ao seu governo e aliado, o Presidente da República, não passam da cepa torta e estão no fim, como a grande maioria dos portugueses já percebeu e deseja. (...) Ou seja, tudo muda na União Europeia, queira o governo português ou não, deixaram de ter sentido. A crise da União Europeia está a acabar”.
No mesmo artigo, e com o subtítulo ‘De novo Sócrates’, Soares escreve também umas linhas sobre o antigo primeiro-ministro, preso há mais de dois meses “sem ser ouvido pela justiça” e sem que o juiz Carlos Alexandre encontre algo “concreto que justifique a prisão. É extraordinário”. Ainda assim, salienta, “não só os socialistas mas também personalidades de outros partidos” e “tantos portugueses”, estão “a favor” de Sócrates e “furiosos” com a sua prisão.
Depois de citar declarações recentes da bastonária da Ordem dos Advogados, Soares remata que “seja como for, a esmagadora maioria dos portugueses está indignada com a situação infame e intolerável em que se encontra José Sócrates”.
“Nunca tantos portugueses se manifestaram a favor de Sócrates, estando ao mesmo tempo indignados pelo que lhe aconteceu. (...) Nesta fase final de um governo incapaz e de um Presidente da República que nunca se dignou a dizer uma palavra acerca de um ex-primeiro-ministro, com o qual durante anos dialogou, a indignação e solidariedade dos portugueses com Sócrates não podia ser maior. Como se tem visto em inúmeras visitas que, de Norte a Sul, lhe têm feito, com enorme carinho. Valha-nos isso. E o juiz Carlos Alexandre que se cuide...”, conclui.