O facto de o documento do Fundo Monetário Internacional (FMI), sobre os cortes de 4 mil milhões de euros nas funções sociais do Estado português, ter chegado às mãos da imprensa antes que o Executivo se pudesse deter com mais tempo sobre as medidas sugeridas, não caiu nada bem ao ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas.
E as subsequentes considerações tecidas pelo secretário de Estado-Adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, que classificou o relatório do FMI de “bem feito e inteligente”, comentário que desencadeou incendiadas reacções das mais variadas facções políticas, nomeadamente no seio dos próprios partidos que formam a coligação governamental, só veio deitar mais ‘achas para a fogueira’, provocando a fúria de Paulo Portas.
Este fica assim marcado como mais um episódio que mancha as relações entre os centristas e os sociais-democratas que governam o País, tensão esta que vem a adensar-se já algum tempo e que por várias vezes levou a que se aflorasse um cenário de ruptura no núcleo duro do Executivo.