"Se houvesse situações que tornassem patente uma desigualdade, essa desigualdade de tratamento deveria ser colmatada. Isso neste momento perdeu atualidade" com a evolução das negociações sobre o programa de resgate à Grécia, referiu aos jornalistas o chefe da diplomacia portuguesa, que falava no final de um encontro com o seu homólogo espanhol, no Palácio das Necessidades, em Lisboa.
Na sexta-feira passada, o ministro Rui Machete referiu que a 'troika' poderá dever "reparações" a Portugal caso se confirme que as medidas do programa de resgate prejudicaram o país.
Questionado sobre as suas declarações, o ministro sublinhou que "há uma grande diferença: Portugal já acabou o seu programa [de ajustamento] e a Grécia ainda não".
Antes, Rui Machete destacara que "há coisas que são indiscutíveis: as dívidas devem ser pagas".
"Depois, há problemas que podem ser resolvidos, como por exemplo questões de taxas de juro", referiu, acrescentando: "Era a propósito desse problema que poderia eventualmente pôr-se uma questão desse género, mas não tem sentido estar a desenvolver coisas hipotéticas quando estão a decorrer negociações que se orientaram num sentido diferente".
O governante mencionou ainda que o Eurogrupo deve agora "olhar em frente" e "ver como é possível chegar a um acordo que permita que a Grécia permaneça no euro".
Na sexta-feira passada, Rui Machete, que não quis alongar-se sobre que tipo de "reparações" Portugal pode reclamar, comentava as declarações do presidente da Comissão Europeia, na quarta-feira, segundo as quais a 'troika' "pecou contra a dignidade" de portugueses, gregos e também irlandeses, reiterando que é preciso rever o modelo e não repetir os mesmos erros.
"Eu interpreto isto [as declarações de Jean-Claude Juncker] por um desejo de facilitar as coisas e de reconhecer que houve aspetos negativos. Eu lembro, por exemplo, as censuras que a troika fez ao aumento do salário mínimo que Portugal precisou, mas evidentemente se isso é verdade devem-nos reparações. Vamos ver", declarou Rui Machete na sexta-feira aos jornalistas no final da segunda reunião informal de chefes da diplomacia do Grupo do Mediterrâneo (Med7), na sede do ministério dos Negócios Estrangeiros francês.
Rui Machete considerou que, "dentro do contexto em que foi proferida, foi uma declaração não muito feliz - há que dizê-lo - mas reconhecendo que, se as coisas tivessem sido pensadas de outra maneira e com outra maturidade, poderiam ter evitado alguns aspetos mais negativos".