"Há dois relatórios do FMI que são contraditórios. Quer dizer, há uma semana eles fazem um ‘mea culpa' e dizem que se enganam" nos cálculos para estimar o impacto da austeridade, e depois permitem a divulgação de um documento a defender mais medidas, referiu à Lusa o deputado europeu, em Limassol, Chipre, à margem de uma cimeira do Partido Popular Europeu, do qual é vice-presidente.
Mário David lamentou que "este último documento do FMI sobre as propostas específicas para a economia portuguesa não tenha ficado no âmbito das discussões que eles iriam ter com o Governo e tenha sido tornado público".
Apontando que o controverso relatório "deveria ser apenas um documento de trabalho", o eurodeputado sublinhou que "têm que ser os Estados-membros objecto desses mesmos relatórios que têm que definir aquilo que são as suas prioridades, aquilo que á linha que querem seguir".
"Parece que o FMI às vezes comporta-se de uma forma um bocadinho leviana, e esta semana assistimos mais uma vez a um episódio desses", disse.
Comentando as críticas feitas em Lisboa pelo presidente do Parlamento Europeu ao teor do relatório do FMI e à "receita" de demasiada austeridade, o vice-presidente do PPE deixou, por seu turno, críticas a Martin Schulz.
"O senhor presidente do Parlamento Europeu deslocou-se a Lisboa parece que mais em campanha justamente para a presidência da Comissão Europeia do que efectivamente enquanto presidente do Parlamento Europeu, porque nós não o vemos em Bruxelas usar a mesma linguagem, e é pena, porque gostaríamos de ter o seu apoio justamente na busca dessas soluções", disse.