"É um discurso, de facto, de um fraco testamento, apenas um apelo a que se salve a política de direita", afirmou Jerónimo de Sousa aos jornalistas no final das intervenções dos partidos, da presidente da Assembleia da República e do Presidente da República, no parlamento, durante as comemorações da Revolução dos Cravos.
O secretário-geral do PCP sublinhou ainda que "a forma como [Cavaco Silva] considerou Portugal um dos países com mais coesão social é desprezar uma realidade existente, designadamente essa exploração, esse empobrecimento, esse infernizar a vida a tantos e tantos portugueses".
"É esquecer mais de um milhão de pobres, mais de um milhão de desempregados, é esquecer a violência que recaiu sobre os salários, sobre as pensões, sobre as reformas, apelando também, a um consenso, eu diria da 'troika' interna - PS, PSD e CDS, para prosseguir no essencial a mesma política que levou o nosso país e o nosso povo a tão duras privações", criticou Jerónimo de Sousa.
O líder do Partido Comunista disse ainda que, no seu discurso, o Presidente da República tinha a intenção de "preparar os portugueses para novos sacrifícios futuros".
"Descontada a identificação com a propaganda do Governo do país a dar a volta, procurou valorizar os sacrifícios, a exploração e o empobrecimento que se verificou durante estes anos, para tentar preparar os portugueses para novos sacrifícios futuros", declarou o dirigente.
Jerónimo de Sousa foi ainda crítico de Cavaco Silva por referir a política do mar.
"Nós que andamos cá há muitos anos lembramos que, precisamente, foi o primeiro-ministro de então, Cavaco Silva, que destruiu a nossa frota pesqueira, que destruiu a nossa frota da Marinha mercante, com todas as consequências que isso teve para a nossa economia, para a economia do mar" afirmou.