"Se for Presidente da República não haverá nenhum grande investimento que não tenha de ser explicado ao país e os seus custos", defendeu, numa conversa informal com jornalistas durante um pequeno-almoço em Lisboa, considerando que uma das principais armas do Presidente é antecipar os problemas e fazer avisos à navegação.
Neste encontro, Henrique Neto disse não lhe passar pela cabeça ser uma força de bloqueio mas considerou essencial que os partidos se entendam numa definição de uma estratégia para Portugal, para os próximos 10 a 15 anos.
E, apesar de considerar que o Presidente pode e deve pronunciar-se sobre os assuntos essenciais do país, assegura que "uma coisa que nunca fará é responder a todas as questões que lhe colocam", por entender que tal prejudica a capacidade de influência da figura presidencial.
"O Presidente tem de falar no sítio próprio dos grandes problemas nacionais e não do que o dia-a-dia nos impõe", defendeu e apontou como exemplo a situação da TAP, dizendo que faria sentido que o Presidente se tivesse pronunciado não agora mas há cinco anos.
"O grande défice político português é navegar à vista", afirmou, dizendo que todos os países devem ter um modelo -- na sua opinião, o modelo e Portugal deveria ser a Irlanda -- um aliado natural -- apontando os Estados Unidos - e um adversário -- que, para Portugal, teria de ser a Espanha.
Sobre a sua campanha, disse receber muito apoio na rua mas admite não ter chegado tanto às elites como supunha, e sabe que não poderá concorrer com outros adversários apoiados por partidos ao nível do financiamento e da estrutura.
Henrique Neto disse não ver nos candidatos presidenciais já apresentados "nenhum elemento de mudança para a sociedade portuguesa" e, questionado sobre o que o distingue de António Sampaio da Nóvoa, que também reclama independência de partidos, respondeu apenas: "É que eu sei do que falo".
Gostaria de ter o apoio de setores da sociedade portuguesa "que não se reveem no que passou nos últimos 20 anos" e lembrou que criticou há muito a aposta nas autoestradas e no betão, em detrimento de um maior investimento, por exemplo, no porto de Sines e numa linha de caminhos de ferro de bitola europeia que levasse a mercadoria nacional ao centro da Europa.
Henrique Neto sublinhou que as exportações nacionais representam um peso de cerca de 40% do Produto Interno Bruto e apontou que em países com a dimensão de Portugal nunca deveriam ser inferiores a 60%.
Sobre a reforma do Estado, afirmou que deve ser tratada por setores e não como um todo e pede que os partidos se concentrem na reforma do sistema político.
"Os partidos transformaram-se em máquinas profissionais de limitação de liberdades e de um certo domínio sobre a sociedade", criticou.