A entrevista do antigo ministro e braço direito de José Sócrates, Pedro Silva Pereira, na Rádio Renascença, onde defendeu a realização do próximo congresso do PS (que é electivo) antes das eleições autárquicas de Setembro ou Outubro, motivou um leque de reacções de apoio dentro do partido. E são várias as vozes que querem o actual Presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, para líder do PS.
Confrontado com as declarações de Pedro Silva Pereira, que quer um conclave “o mais rápido possível”, Seguro aparentou ontem não perceber a pressão interna e repetiu por cinco vezes no Parlamento “qual é a pressa?”.
Certo é que o autarca de Lisboa, António Costa, tem reunido com muitos notáveis do PS, entre eles José Sócrates, e há quem acredite que num confronto directo com Seguro, Costa tem vitória assegurada. Ao Diário Económico, fonte próxima do autarca de Lisboa, adiantou que “ele [Costa] tem ouvido muita gente e não está a dizer que não à hipótese de avançar” para líder do PS, sendo que o cenário “ideal seria que o Governo não caísse este ano e Costa pudesse assumir a Câmara de Lisboa tranquilamente apesar de uma vitória interna”.
Várias são as críticas que têm sido apontadas ultimamente à liderança de Seguro. O antigo líder do PS/Açores, Carlos César, foi o primeiro a assumir que “Seguro tem feito bom esforço, mas sem bons resultados”, frisando que “os socialistas devem reflectir sobre as razões persistentes de afirmação da liderança”. Também o antigo ministro de Sócrates, Augusto Santos Silva, considerou, a propósito da ‘confusão’ sobre a ADSE, que “houve um problema de liderança política”, além de um “erro de comunicação”.
Vieira da Silva, deputado socialista e antigo ministro de Sócrates, afirmou ontem ser a favor da realização de um congresso do partido antes das autárquicas. “Face à evolução da situação política, seria mais vantajoso que [o congresso] acontecesse antes das eleições autárquicas, para não perturbar esse acto”, disse o socialista.
Um deputado do PS adiantou ao Diário Económico que “basta ele [Costa] ganhar o partido, para se virar as sondagens a nosso favor”, e outra fonte sustenta que “a Seguro falta esperança e garra”. No mesmo sentido, João Galamba e Pedro Nuno Santos, dois deputados socialistas muito críticos de Seguro, assumem ao jornal que esperam ver o autarca de Lisboa a concorrer à liderança do PS. “Acho que o País precisa de um PS com uma liderança mais forte”, considera Pedro Nuno Santos, enquanto João Galamba frisa que “gostava que houvesse alternativa a Seguro”.