“O Presidente tem duas armas muito importantes, uma é a palavra outra é o silêncio. Como dizia alguém, nós somos reis dos nossos silêncios e escravos das nossas palavras. E, neste momento, o Presidente ficou prisioneiro da sua palavra”, afirmou Maria de Belém, numa entrevista concedida ao Público.
A ex-presidente do PS referia-se ao momento em que Cavaco Silva fez saber que não daria posse a um governo minoritário, indicando que se pode ficar “com um governo de gestão corrente”, caso nenhum partido consiga maioria absoluta.
“Pode cair numa situação dificilmente gerível e de grande paralisia relativamente à sua capacidade de atuação”, acrescentou a antiga ministra da Saúde, chamando a atenção para um possível enfraquecimento do seu papel enquanto está em exercício de funções.
“As eleições legislativas deviam ter sido antecipadas para junho, mas não foram. A partir deste momento, acho que o Presidente se meteu numa situação de grande complexidade jurídico-constitucional. Porque ele, a partir de 9 de outubro, já não tem poderes de dissolução da Assembleia. E a partir daí corre o risco de mais ninguém o respeitar”, acrescentou.