"É chocante ouvir um Presidente da República falar assim de uma empresa estratégica, uma empresa que se liga à comunidade lusófona, uma empresa que é simplesmente a maior exportadora nacional", disse Jerónimo de Sousa, na Ribeira Grande, nos Açores.
Jerónimo de Sousa respondia a questões dos jornalistas sobre as declarações de domingo do Presidente da República (PR), que disse ter ficado "mais aliviado" relativamente à privatização da TAP.
"Ouvir um Presidente da República ficar, dizia ele, aliviado, creio... Bem podíamos dizer: aliviados ficarão os portugueses quando terminar o seu mandato", disse o líder do Partido Comunista Português (PCP).
Jerónimo de Sousa disse ainda que não está em causa a percentagem de capital privatizado ou que parte deste é português ou estrangeiro, lembrando outros processos de privatização de "empresas estratégicas", como a EDP ou a Cimpor.
"Várias empresas estratégicas começaram por um pouco [de capital privatizado] e depois foram totalmente privatizadas. Portanto, o problema não está na percentagem, está na privatização. E é nesse sentido que consideramos que pagaríamos muito caro no plano da nossa economia se perdêssemos essa alavanca fundamental do nosso desenvolvimento", acrescentou.
No domingo, o PR disse estar "mais aliviado" relativamente à privatização da TAP, considerando que tudo aponta para que a transportadora aérea possa permanecer autónoma, com uma base de operações em Portugal.
"A maioria do capital é português, temos de aplaudir", disse ainda Cavaco Silva.
Jerónimo de Sousa lamentou hoje que o Governo tenha argumentado que a companhia aérea "não podia ser reestruturada por falta de verba", quando nos últimos anos houve "milhares de milhões de euros" para a banca, "por causa das suas manigâncias", de "toda a especulação" e dos "crimes que foram cometidos" neste setor.
"Arranjaram-se sempre milhares de milhões. Para a TAP, não existe verba para uma reestruturação, para o seu desenvolvimento, como uma garantia de afirmação da nossa própria soberania", vincou, dizendo que o PCP vai "continuar a persistir para que esse processo seja sustido e a TAP continue portuguesa".