Em Braga, cidade onde começou a "primeira volta" pelo país, em declarações à comunicação social depois de um encontro com jovens, o ex-reitor da Universidade de Lisboa alertou para a necessidade de Portugal voltar a ter "voz na Europa", apontando como caminho a definição de um "projeto nacional consolidado", no qual uma das bases deve ser a íngua.
Segundo Sampaio da Nóvoa, "o erro" de Portugal foi "abdicar" de um projeto nacional.
"Julgo que tudo o que possa pôr em causa o projeto europeu, possa ser fratura, é contrário aos interesses da Europa. Não seria bom para ninguém, nem para a Grécia, nem para Portugal, nem para o Mundo que essas fragmentações levassem a saídas de qualquer país seja da zona euro, da zona europeia", respondeu Passos Coelho, quando questionado sobre uma eventual saída da Grécia da zona euro.
Para o candidato independente à sucessão de Cavaco Silva, "o projeto europeu é um grande projeto, é um projeto de paz, solidariedade, de desenvolvimento, de convergência entre os países, mas infelizmente não está a ser nada disto".
Segundo Sampaio da Nóva, "o que está a acontecer hoje é que a prática europeia, concreta, económica, social, política é o contrário daquilo que são os elementos fundadores do projeto europeu".
"A Europa perdeu uma capacidade de visão politica, tem-se deixado dominar por lógicas financeira globais e capturar por interesses diversos, perdeu-se a solidariedade entre países, cada país começou a tentar tirar o máximo que pode da sua posição no quadro europeu, o caso da Alemanha é um caso típico. Quando se perde essa solidariedade, essa ideia de convergência, perdemos o núcleo central do projeto europeu", concluiu.
Sobre a posição de Portugal na Europa, o ex-reitor alertou que o país "só terá voz na Europa se tiver um projeto nacional consolidado e se tiver um projeto consolidado da Língua portuguesa no Mundo".
"Só seremos mais europeus se formos mais nacionais. Não é uma coisa ou outra. Este foi o nosso erro. Hoje a nossa consolidação na Europa, a nossa presença mais forte está dependente de um projeto consolidado a nível nacional e geoestratégico no mundo que passa pela língua portuguesa", considerou.
A língua enquanto património foi uma das questões abordadas pelos jovens com quem Sampaio da Nóvoa se encontrou, assim como a questão de um eventual referendo sobre o novo acordo ortográfico, sobre o qual o candidato não se prenunciou, mas salientou a necessidade de uma discussão mais alargada sobre a questão.
Se como candidato a Presidente da República não se prenunciou, uma vez que, argumentou, o cargo não lhe permite interceder na questão, mas apenas "ajudar para que se faça uma avaliação" do acordo, como cidadão, Sampaio da Nóvoa disse ter uma posição clara.
"Eu escrevo no acordo antigo. Enquanto coisa individual e pessoal escreverei até ao final da minha vida desta maneira. Faz parte da minha identidade, não conseguiria escrever doutra maneira, as palavras não me sairiam. Nem julgo que seja legítimo que me peçam esse esforço", justificou.