Marco António Costa nasceu a 18 de maio de 1967 em Fânzeres, no concelho de Gondomar. Sempre foi o ‘Marquinho’ para a mãe embora esta não fosse de grandes afetos, o que o aproximou do pai.
Antes de iniciar a sua escalada na vida política, Marco António Costa licenciou-se em Direito e, em 1993, tornou-se adjunto da presidência da Câmara Municipal de Valongo.
Antes havia passado pela empresa Norteáguas de Joaquim Silva – empresa que viria mais tarde a ganhar contratos com a autarquia quando Marco António lá estava. Tornou-se então amigo de Rui Silva, o filho do empresário conhecido por Mirita. Viagens de luxo, saídas noturnas no Ferrari do herdeiro de Mirita e passeios de barco, são apenas algumas das atividades que os dois amigos fizeram. Agora, revela a Visão, sobre Rui Silva recaem diversos processos por fraude fiscal.
"O Pequeno Maquiavel"
Já na Câmara Municipal de Valongo, Marco António Costa ganha um ‘amigo para a vida’: Fernando Pinto. Antigo segurança noturno, Fernando torna-se seu motorista, cargo que ocupa até hoje.
O seu crescimento dentro do PSD levou à “exclusão e afastamento de muita gente capaz, bem formada”, explicou o antigo líder do PSD/Valongo, que acrescentou que Marco António Costa era “incapaz de conviver com espíritos livres e independentes”.
Em 1997, Marco António Costa torna-se no vereador com o pelouro da Qualidade de Vida, Cultura, Juventude e Turismo. “Carregava a autarquia às costas”, contou Maria José Azevedo que cita uma amiga autarca, Manuela de Melo.
Por esta altura, a vida financeira de Marco António Costa já começava a suscitar suspeitas. Em 1998, enviou uma carta aberta ao Ecos do Concelho onde colocou as suas contas bancárias à disposição. “A minha vida é transparente”, garantiu na altura em que tinha um Citroën AX 14D com nove anos, 75 ações da EDP e um empréstimo de 55 mil euros para pagar a casa. Apresentava rendimentos anuais na ordem dos 27 mil euros.
Celestino Neves, deputado municipal em Valongo, disse à Visão que “a história do enriquecimento de Marco António está ligada à postura que teve em Valongo”.
“Tudo o que fosse negócio e em que fosse possível ganhar dinheiro, ele estava lá. Depois amenizava com ajudas às coletividades e obras de beneficência”, acrescentou.
Os editoriais daquela época descrevem Marco como “possuidor de uma ambição desmedida” e até como o “pequeno Maquiavel”.
“Farto de ser a eminência parda da câmara, quer saltar para ribalta”, podia ler-se nos editoriais que a Visão recuperou.
É também por esta altura que Eduardo Madeira faz algumas revelações. O antigo vereador socialista que se mudou para o PSD usou, durante meses, as assembleias municipais de Valongo para colocar à vista de todos os “podres” da autarquia. A câmara era o local onde se concentravam os “corruptos e os traficantes de influências”, denunciou. E mais. Segundo Madeira, a autarquia (muito endividada) gastava o que tinha e o que não tinha com “avenças para os amiguinhos e apaniguados”.
Mais concretamente sobre Marco António Costa, Madeira é perentório: fazia a “avaliação e intermediação na venda de terrenos”, sugeria valores e “até o nome das empresas” que deviam ser contactadas que, “por coincidência, têm grandes interesses na Câmara”.
Nas declarações feitas nas assembleias municipais, Madeira garantiu ainda que Marco geria um “saco azul, alimentado sempre que necessário por empresas que trabalham para a autarquia”.
Eduardo Madeira acabou por ser afastado e as suas denúncias não foram investigadas.
"O coala bebé de Filipe Menezes"
Em 2005, Marco António Costa chega à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e as polémicas de Valongo vão caindo no esquecimento, escreve a Visão.
Pinto Lobão do PSD/Matosinhos descreve o atual ‘vice’ dos sociais-democratas como o “coala bebé de Filipe Menezes”.
“Empoleirava-se, era observador e tentava aprender. Fazia tudo o que ele fazia, mas já a pensar no que faria diferente, pois já era muito mais metódico, organizado e focado”, revelou o dirigente social-democrata à Visão.
Contactado pela Visão, o Marco António Costa não respondeu às questões que lhe foram colocadas.
Em jeito de conclusão, Pedro Salvador, conselheiro nacional do PSD e ex-diretor da campanha de Passos Coelho à liderança do partido, deixa suspeitas no ar.
“Quando Marco, o homem que segurava a mala do telemóvel de Menezes, chega onde chegou, há algo que não bate certo. O percurso dele tem demasiadas sombras e merecem ser investigadas.
Já o antigo deputado José Puig considera que as “suspeitas suscitadas justificam, de sobra, o integral esclarecimento dos métodos de atuação e alegadas promiscuidades de Marco enquanto dirigente partidário e titular de cargos públicos”.
Atualmente, é vice-presidente do PSD e aufere cerca de três mil euros por mês. De acordo com a sua última declaração de rendimentos, a que a Visão teve acesso, Marco apresenta rendimentos dependentes na ordem dos 77 mil euros e 16 mil euros são oriundos de rendas prediais. Às filhas doou uma moradia em Valongo e dois escritórios em Lisboa.