A Grécia é o assunto dos últimos dias, mais precisamente o impasse que reina nas negociações entre Atenas e os credores internacionais. Esta quinta-feira, o eurodeputado socialista debruçou-se sobre o tema no seu artigo de opinião no jornal Público.
Para Francisco Assis este “impasse […] remete para uma profunda crise da consciência política europeia” na qual se insiste numa “relação credores/devedor” quando se deveria tentar uma “abordagem assente no princípio do diálogo entre sujeitos políticos empenhados num amplo projeto de natureza supranacional”.
Mas “tal não sucedeu”. Porquê? Porque, frisa o socialista, “por um lado [houve o] extremismo ideológico do Syriza e, por outro, o conservadorismo das principais lideranças europeias”.
O Syriza, sublinha, “não nasceu por geração espontânea”, mas “resultou da progressiva degradação da imagem pública de formações políticas instaladas num modelo com características clânicas e clientelares”.
“O sucesso do Syriza é produto de uma explosiva mistura de desespero e ilusão”, continua.
Na ótica de Francisco Assis, a “insistência na imposição de uma austeridade recessiva revela limitada clarividência política e excessiva reverência ideológica” por parte das entidades europeias.
Mas da parte da Grécia há uma “situação interna que é hoje bem pior do que aquela que se verificava no início do presente ano”.
Esta situação interna é caracterizada pelo eurodeputado com uma “impressionante fuga de capitais, uma deterioração das condições do investimento, uma quebra da confiança dos agentes económicos e um agravamento da crise de todos os serviços públicos”.
“Tsipras falhou o alvo: apostou em transformar-se numa espécie de anti-Merkel no plano europeu e com isso seduziu extremistas, entusiasmou ingénuos, suscitou apoios oportunistas, mas verdadeiramente não prestou grande serviço nem à Grécia nem à Europa”, conclui.