"Consideramos que, neste momento, um processo de reestruturação da dívida tal como quer o Syriza [no poder na Grécia], não é o que a Espanha precisa", afirmou hoje em conferência de imprensa o responsável pela área da economia do partido, Nacho Álvarez.
O responsável do 'Podemos' sublinhou mesmo que a realidade de Espanha "é muito diferente" da que existe na Grécia.
O partido liderado por Pablo Iglesias - que fez campanha pelo Syriza nas legislativas gregas e sempre defendeu as posições do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras - continua a afirmar que o acordo alcançado entre a Grécia e o Eurogrupo visa "quebrar o governo helénico".
Por outro lado, acrescentou Nacho Álvarez, "há muitas dívidas" em Espanha. O governo em Madrid, disse, poderia pedir uma reestruturação da divida das famílias, como fez a Islândia, o que permitiria "atenuar as dificuldades de milhões de pessoas que fizeram hipotecas durante a expansão imobiliária" em Espanha.
O partido também considera que, por enquanto, é prioritário "afrouxar os objetivos de défice público impostos pela Europa".
"O Podemos tem de avançar, caso chegue às instituições [nas eleições gerais do final do ano], para um processo paulatino de reestruturação do défice público", explicou Nacho Álvarez.
Álvarez recordou que nos últimos anos países como Itália e França não cumpriram os objetivos do défice e nunca foram punidos pela Comissão Europeia.
Ainda assim, o responsável económico do 'Podemos' pôs a tónica noutras prioridades: melhorar a prestação de serviços públicos ou criar emprego, usando para isso o Orçamento do Estado (mas contando com o não cumprimento dos objetivos do défice).
As novas ideias do 'Podemos' surgem num momento em que, em Espanha, são mais frequentes as comparações entre Espanha e Grécia e entre as medidas propostas pelo 'Podemos' e pelos gregos do Syriza.
Ainda sobre a situação grega, Álvarez também admitiu que o acordo entre a Grécia e o Eurogrupo é "viável do ponto de vista técnico e económico" e "permite uma estabilidade económica a três anos", bem como reestruturação da divida grega e um plano de investimentos.
Mas realçou que o acordo também ignora a opinião da maioria do povo grego e que é "um chutar do problema para diante".