Acumular Câmara e liderança do PS "só em circunstâncias excepcionais"

O socialista António Costa defendeu, este domingo, que só "em circunstâncias excepcionais" deve haver acumulação da presidência da Câmara de Lisboa com a liderança do PS e manifestou o desejo de que "seja tudo como deve ser".

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Lusa
03/02/2013 10:41 ‧ 03/02/2013 por Lusa

Política

Entrevista

Em entrevista ao jornal Diário de Notícias e à rádio TSF, de acordo com a edição impressa, António Costa nunca respondeu directamente às perguntas sobre a possibilidade de ainda vir a ser candidato às próximas eleições directas para secretário-geral do PS, manifestando-se "de boa-fé" na procura de um entendimento com o actual líder socialista, António José Seguro, sobre "as bases comuns para uma orientação estratégica" do partido.

O actual presidente da Câmara de Lisboa defendeu que, em tese, o cargo que ocupa e ao qual pretende recandidatar-se não deve ser acumulado com a liderança do PS, mas admitiu que "em circunstâncias excepcionais" esse princípio "pode ter de ser contrariado".

Questionado, em seguida, se gostaria de ser apenas candidato a presidente da Câmara de Lisboa, afirmou: "Desejo que seja tudo como deve ser, a não ser que tenha de ser de outra forma".

Antes, o antigo ministro dos governos socialistas de António Guterres e de José Sócrates evitou esclarecer quais serão as consequências de um eventual fracasso na procura de um entendimento com Seguro.

Nesta entrevista, o presidente da Câmara de Lisboa considerou que "o PS hoje não está bem, tem um problema interno, tem hoje um problema de afirmação na sociedade portuguesa", que tem uma "ânsia enorme" de "sentir que existe uma alternativa forte ao actual Governo".

Interrogado se o PS deve participar no debate sobre o corte de 4 mil milhões de euros na despesa pública que o Governo PSD/CDS-PP se comprometeu a fazer, retorquiu: "O PS tem de participar em tudo e não pode ser um partido esquivo à intervenção na vida política".

Segundo António Costa, foi a sua opinião sobre a necessidade de afirmação do PS que o levou a declarar na última reunião da Comissão Política do PS que seria candidato a secretário-geral, caso António José Seguro não se mostrasse "capaz de fazer esse esforço de alcançar essa unidade, pôr o partido a funcionar, reforçar a capacidade do PS de se afirmar como alternativa forte na sociedade portuguesa".

De acordo com o relato de Costa, o desfecho dessa reunião foi o seguinte: "O que aconteceu foi que o secretário-geral, na sua intervenção final, aceitou a minha proposta e, num sinal, creio que de boa relação pessoal, teve a amabilidade de me estender a mão e cumprimentarmo-nos com camaradagem".

O ex-líder do grupo parlamentar socialista alegou que "a generalidade dos militantes do PS não deseja agora qualquer tipo de confrontação interna" e, no seu entender, todos têm o dever de "fazer um esforço de entendimento" antes de avançarem "para um confronto num clima de radicalização em que se verifique uma enorme tensão, que deixaria sempre marcas duradouras na vida do PS".

António Costa afirmou que o processo de diálogo que iniciou com o secretário-geral do PS não envolve lugares e tem como objectivo elaborar um documento "que fixe as bases gerais que possam ser desenvolvidas numa moção futura e depois ter expressão noutros documentos do partido".

Sobre a possibilidade de listas conjuntas ao Congresso, respondeu apenas que "as listas devem ser decorrência das políticas".

Quanto ao seu futuro político, António Costa não excluiu vir a ser candidato a primeiro-ministro nem a Presidente da República, embora ressalvando que não concebe a vida como "uma corrida a cargos" e que é movido pelo combate de ideias.

No que respeita ao município de Lisboa, António Costa reiterou a sua disponibilidade para um acordo com o PCP e o BE, expressou "estima" pelo candidato da coligação PSD/CDS-PP, Fernando Seara, sobre quem observou: "Será, certamente, um bom contributo na vereação".

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