"Eu não rejeitarei qualquer apoio que surja mas o meu objetivo é despertar a sociedade civil para um movimento rigorosamente apartidário", respondeu Paulo Borges à Lusa, quando questionado se espera apoios partidários ou de outro tipo, acrescentando que não faz "o jogo habitual da política convencional, que é lutar pelo poder".
Com uma candidatura sob o desígnio "Outro Portugal existe", Paulo Borges pretende "um Portugal alternativo, de pessoas que não ficam à espera que a política e a economia resolva tudo mas se organizam para fazer acontecer aquilo em que acreditam", um Portugal "marginal ao Portugal institucional".
"É uma candidatura com uma dimensão fortemente libertária, que visa estimular a sociedade para a importância de valores como o da autogestão, da descentralização governativa, das comunidades locais e regionais se organizarem para viverem já de uma forma mais ética, mais saudável, mais autossustentável, e o que eu proponho é um novo desígnio para Portugal", vincou o candidato em declarações à agência Lusa.
Paulo Borges quer que "Portugal contribua para uma mudança da civilização, para uma outra relação com a terra e com todos os seres vivos", sendo este, na opinião do candidato, o "desafio maior em termos de civilização e em termos históricos.
Da experiência política enquanto fundador e presidente do PAN até 2014, Paulo Borges declarou que acabou por se demitir "completamente desiludido com a falta de ética e os conflitos constantes pela luta pelo poder dentro do partido".
Dentro das propostas do movimento "Outro Portugal existe", Paulo Borges destaca "a consagração na Constituição dos direitos intrínsecos da natureza e de todos os seres vivos", o lançamento de um debate nacional sobre "este novo mito coletivo do crescimento económico a todo o custo", assumindo a "importância de transitar de uma economia de mercado para uma economia de recursos, baseada na capacidade das comunidades serem, o mais possível, autossustentáveis em termos alimentares e energéticos".
"A Europa está a desagregar-se", defendeu Paulo Borges, acrescentando que a "sobrevivência das comunidades locais, regionais e mesmo do país passa muito por conseguir criar alternativas autossubsistentes, resilientes, fora dos mecanismos da economia mundial".
Quanto ao facto de não ter promovido a apresentação da candidatura à Presidência da República através de um evento, Paulo Borges justificou que "este momento é um momento em que, por ventura, não seria o mais adequado a ter uma forte adesão pública para um evento" e não quis "perder mais tempo", por isso remete um "lançamento formal" para setembro ou outubro, ressalvando não estar dependente das eleições legislativas.
"A lógica desta candidatura e deste movimento é uma lógica, digamos, marginal às eleições legislativas, portanto não estamos dependentes disso, queremos lançar um movimento transpartidário, suprapartidário e não estamos de modo algum condicionados pela data das legislativas ou pelos seus resultados", sublinhou Paulo Borges.
Até lá, o candidato afirmou que vai fazer a recolha de assinaturas, pelo menos as 7500 necessárias para a oficialização da candidatura à Presidência da República pelo Tribunal Constitucional.