Formada em advocacia, Ana Sofia Antunes recebeu o convite para integrar a lista do PS por António Costa. "Surgiu como um convite por parte de António Costa que eu, depois de ponderar devidamente, aceitei", explica. Esta é a primeira vez que uma pessoa com deficiência pode chegar à Assembleia da República.
Em termos de funções, a socialista explica que esteve vários anos na Câmara de Lisboa. "Assessorei durante vários anos o vereador da Mobilidade na Câmara de Lisboa, o professor Nunes da Silva, e fazia assessoria jurídica na câmara", indica.
"Pelo facto de ser uma pessoa com uma deficiência e de estar muito ligada ao movimento das pessoas com deficiência, fiz sempre muita pressão na câmara com um plano de acessibilidade pedonal, que teve grande apoio e incentivo de António Costa", frisa.
Ana Sofia Antunes dá conta que "há coisas que já começaram a ser feitas nas passadeiras – rebaixamentos e sinais sonoros, por exemplo -, mas há que reconhecer que ainda há muito para fazer".
"Sou uma pessoa com uma deficiência visual congénita [de nascença]. Não faria sentido nenhum, tendo esta oportunidade, não constituir como minha principal prioridade o trabalho em prol das pessoas com deficiência", refere.
Contudo, esta indicação deixa um sentimento 'agridoce'. "Sinto uma grande alegria porque nunca uma pessoa com uma deficiência fora indicada para a Assembleia da República nem para qualquer outro cargo de relevo, de eleição ou nomeação. É um momento de alegria, mas também de tristeza: porquê só agora. Porque é que isto só está a acontecer em Portugal agora?", questiona.
Para a socialista, "esta causa não é de esquerda nem de direita – é uma causa". "Mas eu sou uma mulher de esquerda. E senti neste programa do PS uma preocupação com as condições de vida das pessoas com deficiência – e acredito nisso, pelo trabalho que fiz com António Costa na Câmara de Lisboa", acrescenta.
Em fartos elogios ao secretário-geral do PS, Ana Sofia Antunes diz que este é um "homem com a garra necessária para assumir esta cruzada". "Acredito que à frente desta lista está uma pessoa com capacidades para se ir mais além e para nos representar nesta luta, para nos dar abertura para trabalharmos os instrumentos legais de que precisamos", garante.
Caso garante um lugar na Assembleia da República em outubro, a socialista diz não estar preocupada com o trabalho ou acessibilidade por caracterizar-se como uma pessoa bastante autónoma. O único problema que poderá enfrentar prende-se com os "formatos de disponibilização da informação".