O herdeiro da Coroa portuguesa, D. Duarte, Duque de Bragança, dificilmente poderia fazer uma leitura mais crítica face à actuação do Estado português, que acusa de ser “o grande empecilho da produtividade e da criatividade”. E vai mais longe ao garantir que “nunca teríamos chegado a esta situação de falência fraudulenta” caso fossemos governados por um regime monárquico.
Para D. Duarte, um dos grandes problemas do País é “a corrupção”, que “não é só o dinheiro desviado, é sobretudo, a quantidade de obras inúteis, não produtivas de riqueza, que foram feitas para que depois pudesse haver ganhos dos amigos”. E fornece alguns exemplos, como “o excesso de auto-estradas, o Centro Cultural de Belém, o novo Museu dos Coches, os estádios de futebol”. Aliás, o Duque de Bragança nem a Igreja poupa nas considerações que tece, considerando que caiu no mesmo erro ao construir “aquele monstro no Santuário de Fátima”.
E estabelece, neste ponto, um termo de comparação entre Igreja e Estado. “Tem de nos esfolar a todos em impostos excessivos para pagar os desvarios que foram feitos”, condena o herdeiro da Coroa.
D. Duarte entende ainda que o “Estado português poderia ter utilizado muito mais” as suas “possibilidades de acção”, assegurando, por outro lado, que “90% dos filiados no CDS são monárquicos”, e que até no “Bloco de Esquerda há simpatizantes da Monarquia”.