A comitiva do PAN chegou de comboio à estação do Tua, em Carrazeda de Ansiães, e seguiu a pé até à zona de obra, onde observou o paredão de betão que está a ser construído no rio, todo o estaleiro que se estende pelas encostas, bem como a linha férrea que foi desativada em consequência desta construção.
"Ver isto é, de facto, negativamente emocionante. Já cá tinha vindo há muitos anos e entristece percebermos que todo este vale vai ficar inundado", afirmou André Silva, porta-voz do partido e cabeça de lista por Lisboa.
O responsável sublinhou que o PAN resolveu simbolicamente dedicar o dia de hoje à barragem do Tua, que classificou como "um crime".
"O que está aqui em causa é de facto todo um património cultural, ecológico, social e económico. Esta barragem não deveria existir, tal como outras que estão ser construídas no [no âmbito do] Plano Nacional de Barragens", frisou.
Por isso mesmo, se o partido conseguir cumprir o objetivo de eleger dois deputados, André Silva frisou que uma das suas primeiras medidas será "propor a suspensão da barragem e o seu desmantelamento".
"Este projeto ainda é reversível. Este projeto tem várias ilegalidades e nós acreditamos que se o Estado português recorrer das ilegalidades de que esta obra sofre, os custos serão reduzidos ou serão de praticamente zero", acrescentou.
André Silva sustentou que "será mais barato para os bolsos dos contribuintes não terminar esta barragem e desmantelar esta barragem do que construi-la e pagá-la durante as próximas dezenas de anos em faturas e impostos".
"Estamos a falar de 650 euros por cada família portuguesa. Estamos a falar de muitos milhões de euros. Há alternativas muito mais baratas e muito mais sustentáveis, nomeadamente o aumento de potência de barragens que já existem ou o investimento na eficiência energética", frisou.
A esta solução, acrescentou, "os sucessivos governos do PS e PSD taparam os olhos e os ouvidos".
Em causa no vale do Tua está, na sua opinião, um dos patrimónios mais selvagens que ainda existem em Portugal, serão ainda afetadas espécies em vias de extinção e o turismo, bem como serão destruídos "imensos terrenos agrícolas".
A barragem de Foz Tua está em construção entre os concelhos de Alijó, distrito de Vila Real, e Carrazeda de Ansiães, distrito de Bragança. Neste momento, trabalham na obra cerca de mil trabalhadores.
A concessionária EDP aponta "o enchimento da albufeira e entrada em serviço para 2016".
A visita do PAN à barragem resultou de um convite feito pela Plataforma Salvar o Tua a todos os partidos.
Um dos responsáveis por esta plataforma, João Joanaz de Melo, referiu que, até agora, o único partido que aceitou o desafio foi o PAN e que o objetivo é chamar a atenção para um "caso emblemático do que não se deve fazer em matéria de política energética".
"Esta barragem é paradigmática de tudo o que funciona mal na sociedade portuguesa. E estamos aqui em vias de destruir um património que é único", afirmou.