"Esta coligação de direita dividiu permanentemente os portugueses e procurou pôr-nos a todos em confronto -- os continentais contra as autonomias, os cidadãos contra os funcionários públicos, os professores, os médicos, os enfermeiros, [gerou] o conflito entre gerações, querendo alimentar esta ideia de que defender as pensões dos atuais pensionistas era sacrificar o futuro das novas gerações", disse, num comício em Ponta Delgada.
Já a visão do PS é a de que a sociedade tem de ser como uma família, em que não se escolhe entre o futuro dos filhos e o presente dos pais, pelo que obrigar os portugueses a fazer essa escolha é "indigno e imoral".
É preciso agora "unir os portugueses", o que, no seu entender, não é possível com os "radicais" que quiseram tomar medidas além das que foram impostas pela troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia).
O socialista considerou que a palavra "futuro" tem estado ausente do vocabulário político, já que, acrescentou, a coligação nunca fala do futuro e mantém os olhos postos no passado e na sua política de austeridade, com cortes nas pensões, aumentos de impostos e cortes nos vencimentos públicos, numa atitude de "desprezo pelo sofrimento humano".
"O atual ciclo da coligação é um ciclo esgotado", referiu António Costa, que discursou depois do presidente do partido e cabeça de lista às legislativas de domingo, Carlos César, e do líder do PS/Açores e presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, perante uma sala cheia, no Teatro Micaelense.
Segundo o secretário-geral socialista, PSD e CDS não são merecedores de confiança, depois de terem tentado tirar aos portugueses a ambição de serviços públicos justos e igualitários.
"Nós não nos resignamos, nós não nos conformamos com esta visão de que temos de ser pobrezinhos, sem educação, sem saúde, sem proteção social. Somos ambiciosos e queremos construir um futuro que devolva a esperança e a confiança", declarou.
Por isso, defendeu, é necessário retirar do poder um executivo que "ficará na história" como o primeiro a sair de funções com um Produto Interno Bruto (PIB) inferior ao que se registava quando tomou posse.
"O que as pessoas nos pedem desesperadamente é: façam a mudança, ganhem as eleições, deitem-nos abaixo, corram com eles... e várias variantes do que se faz a um coelho", atirou, arrancando risos pela sala.
Numa intervenção em que voltou a apelar ao voto que "vale por dois" -- para fazer sair a coligação do Governo e eleger um executivo que governe e não fique "sujeito a jogos políticos" -, António Costa admitiu não ser muito comum um líder partidário fazer campanha nos Açores nos últimos dias, mas sublinhou querer mostrar que está ao lado de Carlos César, "um dos grandes políticos portugueses".
Além disso, o socialista foi à região "em sinal de respeito à autonomia" e para destacar que o arquipélago terá um lugar central nas preocupações de um Governo socialista.