Em declarações aos jornalistas, à margem de uma ação de campanha da coligação PSD/CDS-PP em Cantanhede, no distrito de Coimbra, Pedro Passos Coelho afirmou: "À medida que a campanha vai avançando, há um certo interesse em poder encontrar coisas que podem eventualmente ser incómodas, nomeadamente para o Governo".
Questionado sobre quem é que tem esse interesse, o presidente do PSD respondeu: "Não faço processos de intenção. Não. Estou a dizer que é natural, é da campanha. Desta vez até veio de um jornalista da Antena 1 que fez um trabalho de investigação. Por que é que ele acabou por ter tanto interesse, e [o assunto] ser colocado como ocultação de prejuízos que não existiram? Porquê?".
Segundo Passos Coelho, "é natural que haja, na pressão do dia-a-dia, da campanha, até ao final da campanha, outras notícias que possam aparecer e que pareçam o que não são".
A Antena 1 noticiou hoje que a ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, enquanto secretária de Estado do Tesouro, pediu à administração da Parvalorem que mexesse nas suas contas de forma a que estas revelassem um cenário de perdas o mais otimista possível, retirando 157 milhões de euros do défice de 2012.
Interrogado sobre esta notícia, o primeiro-ministro declarou que "teria tomado exatamente a mesma decisão" que Maria Luís Albuquerque tomou, "que foi fazer a reavaliação daquela estimativa".
"Estamos a falar de estimativas de futuros prejuízos que poderiam vir a ocorrer", referiu, defendendo que "não há nenhuma ocultação de contas" e que "a transparência é total".
Passos Coelho argumentou que "é muito natural" o Governo pedir a revisão de uma estimativa à Parvalorem, "porque quem faz o registo dessas matérias de previsão é o Ministério das Finanças".
"O exercício orçamental é da responsabilidade do Governo. Se o Governo entender que alguma estimativa que lhe é apresentada está ou exagerada ou não está de acordo com os parâmetros que nós estabelecemos, podemos mandar proceder à sua reavaliação. O que não fazemos é martelar os números, isso não. Dizemos: olhe, parece-nos que isso é um bocado exagerado, revejam lá isso, porque nos parece a nós que estão a fazer uma estimativa demasiado empolada, revejam isso", acrescentou.
"Se eventualmente se tivesse chegado à conclusão de que não era assim, de que não havia margem para fazer esse ajustamento, o Ministério das Finanças respeitaria, como é evidente, esse exercício. Isso é o mais natural do mundo", completou.
O chefe do executivo PSD/CDS-PP sustentou que "o exercício da então secretária de Estado do Tesouro foi um exercício muito competente" e reiterou que "teria feito exatamente a mesma coisa".
Depois, Passos Coelho explicou a referência que tinha feito ao picante esta manhã, durante uma visita a uma empresa, em Mira: "Por isso é que eu há pouco disse que o picante do dia poderia parecer mais picante do que na verdade é. Não há nenhum picante particular nisto".