As eleições legislativas do próximo domingo, dia 4 de outubro, poderão bater o recorde de abstenção desde a Revolução de 1974. Quem o diz é a agência Bloomberg, que analisou a situação do país e falou com António Costa Pinto, professor da Universidade de Lisboa, e com o analista político Pedro Adão Silva.
Além de dois fatores apontados como fundamentais para a possível abstenção – a ausência de alternativas políticas e emigração elevada dos últimos anos -, a Bloomberg acrescenta o facto de Benfica, FC Porto e Sporting jogarem no domingo, o que, no texto da agência, é visto como um motivo de abstenção.
“Em Portugal, muitas pessoas decidem não votar porque estão chateadas ou por não acreditarem que votar faça grande diferença”, explica Costa Pinto à agência norte-americana, comparando com países em que “as pessoas usam o voto para manifestar o seu descontentamento”.
Além da falta de alternativas políticas, ao contrário do que aconteceu na Grécia, por exemplo, Portugal deparou-se ainda com “o maior êxodo desde os anos 1960”, em que António Salazar estava no poder, relembra o artigo. “Uma média anual de 121 mil pessoas tem deixado o país”. “Quase 500 mil portugueses saíram desde 2011”, acrescenta Adão e Silva, ao transmitir a ideia que que isso “seguramente contribuirá para o aumento da taxa de abstenção”.
Apesar do resultado das eleições legislativas, a Bloomberg acredita que os juros da dívida pública não deverão ser afetados. “Ambos os partidos continuam a pregar a disciplina orçamental”, garante Colin Bermingham, analista do BNP Paribas.