"É fundamental que seja feito um último esforço por parte de todas as entidades envolvidas, sobretudo no âmbito dos serviços administrativos do Ministério da Administração Interna e do Ministério dos Negócios Estrangeiros, para desbloquear problemas, esclarecer situações e apelar ao envio dos envelopes com os boletins de voto corretamente instruídos o mais rapidamente possível", lê-se numa nota assinada por Paulo Pisco, do grupo parlamentar do PS.
O também mandatário das listas socialistas pelos dois círculos da emigração e candidato pelo círculo eleitoral da Europa alerta que faltam "pouco mais do que três dias úteis para o fim da possibilidade de serem enviados os envelopes com o voto para Portugal" e estão a chegar "muito menos votos do que em eleições anteriores".
"Os serviços portugueses da Administração Eleitoral, na dependência do Ministério da Administração Interna, têm recebido diariamente um número anormal de queixas relacionadas com atrasos e perturbações na receção dos votos dos eleitores inscritos nos cadernos eleitorais dos círculos da Europa e Fora da Europa", revela Paulo Pisco, avançando que há informação de "demoras nas estações de correio e mesmo de envelopes com os votos retidos em alguns países, como é o caso da Holanda, Suécia ou Reino Unido".
Segundo o candidato, "nada habitual é também o reduzido número de votos que até ao momento chegou a Portugal vindo de França, inferior a mil".
Fora da Europa, "há problemas idênticos em países como o Brasil, África do Sul, Angola, Venezuela ou Timor-Leste", conta o candidato do PS às eleições legislativas de domingo, considerando que as autoridades portuguesas têm de desenvolver esforços para resolver a situação junto dos serviços postais dos países.
Por seu lado, "as embaixadas dos países estrangeiros em Portugal podem informar e alertar os serviços postais dos seus países para, rapidamente, fazerem todas as diligências para garantir que os envelopes são levantados e, posteriormente, enviados sem demora para Portugal", sugere Paulo Pisco.
De acordo com o mandatário, "este derradeiro esforço para desbloquear problemas e para informar é tanto mais importante quanto se registaram já outras anomalias, como o facto de os serviços do Ministério da Administração Interna se terem esquecido de colocar 'Portugal' como destino dos boletins de voto".
Acresce que, como as formas de votar variam com o tipo de ato eleitoral - por correspondência na eleição da Assembleia da República, presencial no caso do Presidente da República ou do Parlamento Europeu - "muitos eleitores confundem os sistemas de voto e julgam que também agora terão de se deslocar aos postos consulares para votar", sublinha Paulo Pisco.
Também relacionado com estes problemas o partido Nós, Cidadãos! apresentou, quinta-feira, uma queixa à Comissão Nacional de Eleições motivada pelas "irregularidades gravíssimas" que, na sua opinião, têm marcado a votação nos círculos eleitorais da Europa e de Fora da Europa.
Segundo o partido, além de não terem a indicação do país no destinatário, alguns endereços incluem o nome do votante em duplicado e há cartas que não incluem o boletim de voto, o que "compromete objetivamente e de forma ilegal a participação dos eleitores recenseados nestes círculos", pelo que está a ser ponderada a impugnação da eleição pelo círculo Fora da Europa.
Na sexta-feira, a agência Lusa noticiou que os boletins para os emigrantes recenseados em Timor-Leste tinham sido enviados há mais de uma semana mas não tinham chegado a Díli, sendo difícil garantir que, após preenchidos, cheguem atempadamente a Portugal.
Para poderem ser considerados, os votos da emigração têm de ter carimbo dos correios locais de até 04 de outubro e chegar a Portugal nos dez dias seguintes.