Marques Mendes comenta agora ao domingo à noite, ainda na antena da SIC. E na sua estreia no novo horário o antigo líder do PSD falou sobre os cenários que se poderão seguir, isto quando nos próximos dias Cavaco Silva irá reunir com os diferentes partidos, para poder então decidir que governo irá nomear.
Explica o comentador que ou o Presidente da República indigita Passos Coelho para tomar posse, ou há um acordo à esquerda “e toma outra decisão?”. Mas Marques Mendes acredita que há uma hipótese que se destaca.
“Acho que Cavaco Silva vai fazer o que tem sido normal em Portugal. Cavaco Silva vai indigitar Passos Coelho”, algo que irá fazer “mesmo que António Costa apresente um governo à Esquerda”.
Nas legislativas vota-se em deputados e em programas eleitorais. “Mas sejamos francos, de um modo geral, as pessoas não conhecem os deputados que escolhem e raramente leem os programas eleitorais”, disse ainda Marques Mendes, já que a escolha mais notória nas legislativas, considera, “é a escolha de um primeiro-ministro”.
Se um governo formado por Passos Coelho é aceite no parlamento, isso “depende do PS”, que poderá ou não viabilizar o programa da coligação PSD/CDS. Mas o social-democrata sugere ainda a Passos Coelho que forme “um bom governo”, com “pesos pesados”, como forma de trazer maior condicionamento “ao adversário”, já que “se as pessoas virem um bom governo consideram ainda mais absurdo derrubar” esse executivo.
Ainda assim, sabemos que não é certo que a coligação de Direita possa liderar, sem o apoio parlamentar.
Em caso de chumbo, “será a primeira vez que um governo saído de eleições é chumbado no parlamento” em 41 anos de democracia. A acontecer, PS corre o risco de ter “um suicídio semelhante a 1987”, altura em que foi chumbado um governo de Cavaco Silva, levando a que o PS se mantivesse na oposição até à chegada de António Guterres a primeiro-ministro.
Em caso de chumbo pela esquerda, que acontece depois?
“Se chumba, há duas hipóteses para Cavaco Silva”, considerou Marques Mendes na antena da SIC. Ou o governo de Passos Coelho fica em gestão corrente até poder haver novas eleições, algo que o comentador considera ser “um disparate monumental”, que passaria para a opinião pública por “arranjinho para se manterem no poder”, deixando o país “em gestão corrente praticamente até ao fim do verão”.
A outra possibilidade passa por Cavaco nomear (ou não) um governo de Esquerda. “Tem de encarar essa hipótese, mesmo que não goste”, atirou.
Para essa nomeação, Cavaco pode “impor condições fortíssimas” para tal, algo que, considerou, já teve como precedente o caso de Jorge Sampaio, que impôs condições a Santana Lopes, quando este substituiu Durão Barroso no poder. E essas, especificou, têm de ser “concretas e não retóricas”.
Sem essas condições, António Costa teria “um governo mais minoritário” do que um eventual governo de Passos Coelho.