Patrões criticam "tom crispado" de Cavaco Silva

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, considerou hoje que o Presidente da República usou no seu discurso um "tom crispado", que pode "prejudicar o ambiente político-partidário" e o "quadro de diálogo de estabilidade".

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Lusa
23/10/2015 10:05 ‧ 23/10/2015 por Lusa

Política

António Saraiva

O Presidente da República, Cavaco Silva, indigitou na quinta-feira o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, para o cargo de primeiro-ministro, por o seu partido ter sido o mais votado nas eleições legislativas de 04 de outubro passado.

Em declarações à agência Lusa, hoje, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, disse que o discurso de Cavaco Silva vem na sequência do que já era esperado: a indigitação de Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro.

"Considero, contudo, que o discurso teve um tom um pouco crispado e que, num momento em que todos (agentes políticos envolvidos, agentes sindicais e empresariais) desejamos estabilidade, penso que o Presidente da República deveria ter usado um tom mais apaziguador, independentemente da solução que foi encontrada e que era obviamente a lógica e normal", salientou.

António Saraiva disse recear que o tom usado por Cavaco Silva possa ter prejudicado o quadro de diálogo de estabilidade.

"Receio que, com este tom do discurso, venha crispar o ambiente político-partidário num momento em que precisamos de tranquilidade para vencer os desafios que temos pela frente", concluiu.

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, já indigitado, deverá agora apresentar ao Presidente da República uma proposta de composição do Governo e, depois de tomar posse, terá dez dias para apresentar o seu programa à Assembleia da República.

Na quinta-feira, Cavaco Silva disse lamentar profundamente que, num tempo em que importa consolidar a trajetória de crescimento e criação de emprego e em que o diálogo e o compromisso são mais necessários do que nunca que interesses conjunturais se tenham sobreposto à salvaguarda do superior interesse nacional".

Cavaco Silva considerou que, apesar do Governo PSD/CDS-PP poder não assegurar inteiramente a estabilidade política necessária, "a alternativa claramente inconsistente sugerida por outras forças políticas" teria consequências financeiras, económicas e sociais "muito mais graves".

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