"A JSD vem manifestar a sua condenação pelas atitudes de um grupo de pessoas que têm, nos últimos dias, recorrido à perseguição e impedido o direito constitucional de um ministro expressar a sua opinião", afirmam os jovens sociais-democratas, em comunicado.
O ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, foi vaiado na terça-feira por algumas dezenas de alunos quando participava no encerramento de uma conferência da TVI, a decorrer em Lisboa, acabando por ter que abandonar a sala sem fazer o discurso que estava previsto.
"A democracia vive do contraditório e nele se baseia, de forma a respeitar todo o tipo de pensamentos. Não há contraditório quando só uma parte fala (ou grita), e quando não há contraditório a democracia não funciona!", lê-se no comunicado da JSD.
Para os jovens do PSD, a "liberdade que Abril de 74" trouxe e que "Novembro de 75 concretizou em democracia, não se compadece com ataques à liberdade de expressão".
"Este movimento de contestação que impede membros do governo de falar tem entoado o ´Grândola Vila Morena', de Zeca Afonso. Contudo, os comportamentos e atitudes deste movimento são contraditórios ao espírito da música: ´dentro de ti ó cidade o povo é quem mais ordena" e "em cada rosto igualdade'", afirmam.
"Quem pensa que se trata de acções espontâneas desengane-se! No próximo sábado haverá uma manifestação. Os cartazes afixados de promoção a esta manifestação, que acontecerá por direito concedido por uma Constituição democrática, foram expostos por este movimento", declaram.
Segundo a JSD, "estes comportamentos lesivos da liberdade de outros expressarem a sua opinião não têm nada de espontâneo, têm tudo de concertado e organizado, uma manobra de publicidade e marketing", por parte de pessoas que, afirmam, "têm organização, mas carecem de mobilização".
Os jovens sociais-democratas consideram que está em causa o "exercício das funções governamentais" e a liberdade de expressão, considerando que a atitude dos manifestantes configura "censura".
"Pode o ministro Miguel Relvas e qualquer outro ministro ou qualquer cidadão ser impedido de falar/discursar? Num regime democrático não, porque senão é censura. Porque simplesmente é abusar de um direito para suprir outro direito equivalente", sustentam.
Os acontecimentos de terça-feira foram repudiados pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho que, em nota divulgada pelo seu gabinete, assegurou que o executivo "nunca se deixará condicionar" por acções desta natureza.
"O Governo lamenta as circunstâncias anómalas que levaram o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares a suspender esta tarde a sua intervenção numa conferência organizada pela TVI para assinalar o seu vigésimo aniversário", refere uma nota do gabinete do primeiro-ministro.