No final de uma visita à Associação de Proteção à Criança, Marcelo Rebelo de Sousa disse que a instituição nasceu há 40 anos da convergência de pessoas de várias orientações políticas, partidárias e religiosas que mostraram que "os partidos são muito importantes mas não esgotam a realidade nacional" e que as "grandes obras sociais resultam de uma confluência".
"Isto é muito importante quando se trata de um candidato presidencial porque um Presidente da República não é o presidente de um partido, fação ou coligação e um candidato presidencial não é candidato à liderança de um partido nem, de uma coligação nem de uma fação", defendeu.
O candidato disse ter retirado outra "lição" da sua visita à instituição, que apoia no total dos seus polos locais e valências cerca de 700 crianças: "é que nós em teoria saímos da crise mas na prática pude verificar [que] ainda hoje há sinais de permanência da crise e por isso é uma prioridade a questão social".
Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que vê "com alegria o facto de setores muito diferentes da sociedade, no meio das divergências políticas todas" estarem de acordo em dar "prioridade à questão social".
"Continuam a existir muitas famílias que têm as maiores dificuldades em pagar" as mensalidades das creches, disse, observando por outro lado que "há um aperto" nas instituições que prestam estes serviços que "não pode deixar de preocupar quem está a pensar em termos sociais no futuro do país".
Para Marcelo Rebelo de Sousa, na "situação de emergência social" pela qual o país passou "nos últimos dois anos e meio", se não fossem "instituições como a APAC [Associação de Proteção à Criança] o tecido social tinha-se deslaçado muito mais do que se deslaçou".
Marcelo Rebelo de Sousa visitou o polo da Póvoa de Santa Iria da APAC, no concelho de Vila Franca de Xira, que recebe 80 bebés e crianças na valência de creche, e acabou por aceitar almoçar com algumas das crianças, a convite do presidente da instituição, agraciada com a Ordem do Mérito no passado dia 29 de abril pelo Presidente da República, Cavaco Silva.
Questionado pelos jornalistas sobre a atual situação política, Marcelo Rebelo de Sousa escusou pronunciar-se sobre "soluções concretas" sublinhando que há um governo em funções que irá apresentar o seu programa à Assembleia da República.
O candidato reiterou posições que já assumiu publicamente noutras ocasiões, defendendo que "é preciso encarar com serenidade" o processo de formação do Governo, apesar de "ser longo demais", e respeitar o modo de funcionamento da democracia.
"Um candidato presidencial não se deve pronunciar na fase atual dos acontecimentos", justificou.
Marcelo Rebelo de Sousa reiterou ainda que considera mau para o país haver "eleições todos os seis meses, ou ano", lembrando que essa foi a realidade do país "no início da democracia".
Questionado sobre os poderes do Presidente da República quanto ao programa de Governo, Marcelo Rebelo de Sousa disse que o regime português não é presidencialista nem parlamentarista puro, "é um meio termo".
Nesse sentido, o Presidente da República tem o direito de, respeitando o espaço do parlamento, olhar para a solução governativa e até ajudar a encontrar uma solução governativa que seja viável e duradoura", considerou.