"Esperamos que a esquerda unida possa encontrar uma alternativa política à austeridade e à política levada a cabo pelas forças conservadoras em Portugal", disse à Lusa o secretário nacional do PS francês para a área internacional, Maurice Braud, acrescentando que o acordo "é muito positivo porque envia um sinal à Europa da necessidade de políticas que tomem em consideração a vontade do povo".
Em comunicado de imprensa, os socialistas franceses apelaram ainda a "todos os partidos de esquerda na Europa para apoiarem a formação de um governo de esquerda em Portugal para sair da austeridade e encontrar um desenvolvimento solidário e sustentável", argumentando que "ao ultrapassar as divisões históricas, as forças de esquerda de Portugal dão o exemplo".
Também o Partido Comunista Francês (PCF) considerou que o acordo de esquerda em Portugal corresponde às "aspirações crescentes de mudança" na Europa.
"Saudamos a atitude responsável do PCP e do Bloco (de Esquerda) que assumiram posições charneira que permitiram criar condições para uma maioria durável baseada num programa anti-austeridade e felicitamo-nos que o PS tenha excluído a hipótese de se aliar à direita", declarou à Lusa Anne Sabourin, responsável pelas questões europeias do PCF.
O 'Parti de Gauche' (Partido de Esquerda) também considera que o acordo de esquerda em Portugal "poderá indiciar um início de mudança no socialismo europeu",
Eric Coquerel, coordenador político do partido, disse à Lusa que "o povo votou contra a austeridade e agora é preciso ver se o programa da aliança está ao nível das esperanças populares. Nos últimos anos, os partidos socialistas têm-se adaptado à austeridade em vários países europeus. Agora, é preciso ver se esta aliança constitui, de facto, uma viragem à esquerda", acrescentou.
Pelo partido ecologista Europe Écologie-Les Verts, o porta-voz Julien Bayou disse à Lusa que o acordo de esquerda em Portugal é "uma excelente notícia" que mostra que "há uma força pro-europeia de esquerda que vai poder começar o braço-de-ferro contra a austeridade".
"Esperamos ser cada vez mais numerosos na Europa a recusar a austeridade que nos é imposta e que faz tão mal ao povo e à construção europeia. François Hollande tinha prometido renegociar o Tratado Europeu e não fez nada. Ontem foi a Grécia, hoje Portugal, amanhã será talvez a Espanha e esperemos que, em breve, seja a França a ter força para travar a austeridade", concluiu.