“Paulo Portas sabe mais a dormir do que Pedro Passos Coelho acordado”, começa por dizer Daniel Oliveira, referindo-se ao anúncio sobre a saída de Paulo Portas da liderança do CDS-PP.
O jornalista indica que o ex-vice-primeiro-ministro “compreendeu que o novo ciclo político não é um intervalo na governação do PSD/CDS” mas “um novo ciclo político que poderá durar quatro anos”, obrigando a uma separação clara entre CDS e PSD durante esse período.
Assim sendo, Portas teria que “fazer o corte com os últimos quatro anos” e até “ocupar o espaço da direita com preocupações sociais”. “Não podia fazer mais esta transformação na sua personalidade ideológica. Desta vez ninguém acreditaria”, acrescenta.
Daniel Oliveira sublinha ainda que enquanto Passos Coelho “tem apenas poucos anos de uma carreira política para defender”, Paulo Portas “tem duas décadas” e, podendo escolher o momento da partida, “escolhe o momento ideal, em que nem ganhou nem perdeu”.
“Com a retirada de Portas, que permite ao CDS autonomizar-se do legado de Passos, fecha-se um ciclo. É apenas o início do processo de reconfiguração da direita portuguesa, acompanhando a reconfiguração do que aconteceu à esquerda. E é assim que começa a contagem decrescente para Passos Coelho”, vaticina o comentador.