"Sentimos que o nosso primeiro-ministro, que perdeu as eleições mas ainda assim ficou primeiro-ministro, esteve a sonhar um sonho cor-de-rosa durante estes dois meses, um cor-de-rosa de tintas bastante carregadas, um cor-de-rosa bastante avermelhado, e neste momento tocou um despertador", afirmou Assunção Cristas.
A candidata à liderança dos centristas, que falava para militantes e simpatizantes na sede do partido, em Lisboa, argumentou que depois de tocar "o despertador de Bruxelas, de duas uma": "Ou ele desperta rapidamente e afina o tiro ou provavelmente esse sonho rosa avermelhado irá transformar-se num pesadelo muito negro para todos os portugueses".
"Já vimos este filme no passado, já vimos défices aparentemente baixos, como em 2008, recordo-me bem, seguidos de dois anos ou três depois de uma situação de bancarrota", afirmou Assunção Cristas.
A deputada e ex-ministra da Agricultura argumentou que "ninguém reconhece como credíveis" os números do esboço orçamental.
"Desde o Conselho de Finanças Públicas até às agências de 'rating' - goste-se ou não delas, influenciam os mercados e afetam-nos -, e agora a carta da Comissão Europeia, nós percebemos que há muitas dúvidas", sustentou.
"Basta olhar para os números com algum rigor, basta olhar para aquilo que aparece como previsão de crescimento económico e do crescimento económico decorre tudo o resto, desde logo a arrecadação de impostos, para se perceber que é muito difícil acreditarmos que o exercício está bem feito, que vai fechar e seja credível", acrescentou.
A candidata à liderança dos centristas recebeu o apoio da distrital de Lisboa, expressa pelo seu líder, Telmo Correia, no início da sessão para militantes e simpatizantes, que é a segunda de uma volta pelo país em que Assunção Cristas apresenta a sua candidatura e recolherá contributos para a sua moção de estratégia ao Congresso.
Nesta sessão na sede nacional do CDS, em Lisboa, em que só o discurso inicial foi aberto à imprensa, Assunção Cristas referiu-se também às eleições presidenciais, considerando que a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa desmentiu a ideia de que existe uma "maioria sociológica de esquerda" confortável com a solução do Governo do PS apoiado pela maioria de esquerda no parlamento.
O 26º Congresso do CDS-PP realiza-se a 12 e 13 de março em Gondomar e escolherá o sucessor de Paulo Portas, que se tornou líder em 1998 e desde então só esteve fora da direção do partido dois anos, durante a presidência de José Ribeiro e Castro (2005-2007).
Além de Assunção Cristas, a tendência Direita Social anunciou a intenção de apresentar uma candidatura à liderança.