"O senhor estampou-se e, o que é mais grave, vai levar também o país a estampar-se. Isso é que nos preocupa", afirmou Nuno Magalhães, dirigindo-se ao primeiro-ministro no debate quinzenal no parlamento, quando falavam do esboço orçamental, que inclui um aumento do imposto sobre os produtos petrolíferos.
O líder parlamentar centrista usou uma metáfora automóvel após António Costa ter dito que o CDS agora vai ser "o partido dos automobilistas".
Magalhães disse que o CDS recusa validar um esboço orçamental "assente em bases não realistas, não credíveis, e não exequíveis": "Desde logo porque a história nos ensina que países que fazem orçamentos artificiais são as primeiras vítimas da ilusão dos seus governos".
Referindo-se à "unanimidade tão completa fora e dentro o sobre a credibilidade de um esboço" usou a imagem de uma consultora como síntese.
"Numa ideia, a Deloitte resume tudo: este projeto de Orçamento baseia-se numa fezada e não na realidade", afirmou.
O CDS concentrou as suas perguntas ao primeiro-ministro em dois aspetos do esboço orçamental: o imposto sobre os produtos petrolíferos e as reformas e complemento solidário para idosos.
"Vai pôr o gasóleo e a gasolina das famílias da classe média e das empresas a pagar os fretes do PCP, ao BE e à CGTP. Quantos cêntimos vão aumentar, pela via do imposto, a gasolina e o gasóleo?", questionou Magalhães.
António Costa não deu números, argumentando que fez uma opção clara entre taxar impostos sobre o trabalho e os produtos petrolíferos, num cenário de redução do preço dos combustíveis e em que o país e o mundo estão empenhados na mudança do paradigma energético e ambiental.
Nuno Magalhães acusou ainda o Governo de "andar a enganar os reformados": "O BE e o PCP prometiam antes das eleições aumentar 25 euros por mês, o que os senhores vão dar não chega a um euro por mês e eles caladinhos. O senhor andou a prometer que ia repor tudo no complemento solidário para idosos, mas vemos o esboço de Orçamento e nem se acredita: 0,00% [de impacto orçamental]".
Costa respondeu: "Ao ouvi-lo julgava não ser o mesmo deputado que apoiou o enorme aumento de impostos e sucessivos Orçamentos que todos os anos tiveram de ser revistos, numa legislatura que bateu todos os recordes de orçamentos retificativos".
"Quanto aos reformados, sejamos claros, com a vossa política, com reformas de 275 euros manteriam a pensão congelada, connosco vão deixar de ter a pensão congelada", acrescentou.