"Há uma negociação em curso e eu não diria nada que a pudesse prejudicar. Obviamente, espero que haja uma aproximação de posições e não me vou pronunciar sobre uma negociação que está em curso", afirmou Paulo Portas à agência Lusa.
Após se encontrar com Jean-Claude Juncker, Paulo Portas ressalvou que quando está fora do país nunca critica as autoridades portuguesas e que neste encontro seguiu, mais uma vez, essa regra.
"Eu sei muito bem os esforços que os portugueses tiveram de fazer para livrar Portugal de um resgate. Sei muito bem como é difícil negociar com autoridades externas. Sei muito bem o valor que pode ter para Portugal uma aproximação de posições entre a Comissão e o Governo e sei muito bem que se houver um desacordo grave os portugueses, mais cedo ou mais tarde, seriam prejudicados por isso", afirmou.
O líder centrista, que foi ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros e vice-primeiro-ministro no anterior Governo, disse defender "sempre os interesses de Portugal", quer esteja no seu país quer esteja fora de Portugal.
"Quando estou fora de Portugal nunca critico autoridades portuguesas. É a minha regra, é a minha conduta. É uma forma de patriotismo, não o imponho a ninguém, mas é o que sigo", declarou.
A reunião com Juncker estava pedida "há várias semanas", disse, no âmbito do fim do seu mandato enquanto presidente do CDS-PP, que termina no 26.º Congresso do partido, que se realiza em Gondomar, no distrito do Porto, nos dias 12 e 13 de março, em que Assunção Cristas é candidata à sua sucessão.
"Durante os anos em que eu presidi ao CDS o partido voltou à família popular europeia, onde é hoje um partido respeitado. O presidente Juncker, que eu conheço há muitos anos, teve sempre uma posição de estima e de proximidade com os portugueses, o que é normal porque ele foi primeiro-ministro do Luxemburgo e os portugueses são uma parcela muito significativa da população desse país", afirmou Paulo Portas.
Portas e Juncker discutiram política internacional e política externa, com o líder do CDS a referir a "série de crises graves ou riscos maiores" com a Europa se confronta, "seja qual for o ponto cardeal" em que se olha.
"A Europa tem um drama incessante com os refugiados, tem um problema de terrorismo - com recrutamento interno nas suas próprias sociedades-, tem uma questão de segurança não superada com a Rússia, tem um referendo de alto risco no Reino Unido, tem problemas nos países que tiveram ajustamentos, e tem um crescimento económico bastante inferior aos outros blocos económicos e, portanto, um problema de competitividade sério", declarou.
"Se há um momento em que a Europa precisa de visão, de determinação e de liderança é este porque confronta-se com crises que são todas elas sérias e problemas que são todos eles de risco", acrescentou Portas, que considera Juncker "um social cristão e não um 'uber' liberal".
A Comissão Europeia irá decidir até sexta-feira se o projeto de plano orçamental para 2016 acarreta "incumprimentos particularmente graves" do Pacto de Estabilidade e Crescimento, determinando assim se o Governo precisa ou não de apresentar um documento revisto.
Desde a implementação do duplo pacote legislativo de reforço da supervisão orçamental na zona euro, o chamado 'two pack', nunca o executivo comunitário considerou existir um caso de "incumprimento particularmente grave" das disposições previstas no Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), pelo que seria inédito Bruxelas solicitar a um Estado-membro a elaboração de um novo plano orçamental.