"Creio que não há dúvidas quanto a essa matéria porque este não é o nosso caminho", respondeu Nuno Magalhães quando questionado se o partido votará contra o Orçamento do Estado (OE) para 2016.
O líder da bancada centrista falava aos jornalistas no parlamento, à saída de uma reunião com o ministro das Finanças, Mário Centeno, sobre a proposta de OE para 2016 que, disse Nuno Magalhães, está ainda a ser negociado com Bruxelas, "quer do ponto de vista técnico, quer do ponto de vista político".
Sobre as diferenças que separam o Governo de Bruxelas, Magalhães disse que, na reunião, "não foram especificados valores", assim como não foram revelados eventuais aumentos de impostos.
"A nosso ver, a melhor forma de defender o interesse nacional é apresentar projetos de Orçamento que sejam confiáveis, que sejam viáveis, e que sejam também eles exequíveis, e mostrámos a nossa preocupação nomeadamente quanto ao cenário macroeconómico que foi apresentado e que mereceu críticas quer interna quer externamente", disse.
O CDS transmitiu a Mário Centeno que "é urgente que o Governo dê sinais do ponto de vista do estímulo económico, do crescimento económico", considerando que o executivo "não tem um projeto", apenas "reverter o que foi feito anteriormente".
"Nós estamos preocupados porque a herança que este Governo recebeu, do ponto de vista do desemprego, sendo ainda uma taxa alta, é francamente progressiva em relação ao desemprego que chegou a atingir, por força do programa de assistência financeira, mais de 17% e hoje os últimos números publicados pelo INE são 11,8%", sustentou.
"Sem crescimento económico, sem estímulo económico, sem capacidade de promover o investimento externo e interno - e isso requer confiança e um regime fiscal amigo do investimento-, todos esses esforços de criação de postos de trabalho e de diminuição do desemprego serão postos em causa", acrescentou.
Os centristas expressaram ainda "preocupação em relação a qualquer eventual aumento de impostos, diretos ou indiretos, que possam afetar a classe média", já sujeita a uma carga fiscal elevada.
As reuniões, nas quais também está presente o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, servem para apresentar as linhas gerais da proposta de Orçamento do Estado para 2016.
Tais reuniões têm um caráter habitual em vésperas de aprovação do Orçamento, sendo que a proposta de OE para 2016 deverá ser aprovada na quinta-feira em Conselho de Ministros e dará ao que tudo indica entrada na Assembleia da República na sexta-feira.
O primeiro esboço do Orçamento tem merecido uma troca de ideias entre o executivo e a Comissão Europeia com vista a um maior aproximar de metas orçamentais, por exemplo.
Hoje, alguns jornais portugueses dão conta das divergências entre Lisboa e Bruxelas em relação à proposta de Orçamento para este ano e avançaram que o Governo se prepara para "carregar" em impostos sobre a banca, automóveis e combustíveis.