"Fui expulso porque Cavaco não me queria no PSD"

Rui Oliveira e Costa, antigo deputado social-democrata, foi expulso do PSD por ter apoiado a candidatura presidencial de Mário Soares em 1986, um caso que o próprio considera "único" após umas eleições para Presidente da República.

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Lusa
14/02/2016 09:26 ‧ 14/02/2016 por Lusa

Política

Oliveira e Costa

Dos episódios que conduziram à sua expulsão, após ter contrariado a posição oficial dos sociais-democratas, apoiando Soares e não Freitas do Amaral, Rui Oliveira e Costa critica ainda hoje a falta de magnanimidade revelada na altura por Cavaco Silva, então líder do partido, mas destaca em contraponto a solidariedade que lhe foi manifestada pelo fundador e militante "número um", Francisco Pinto Balsemão.

"Interpretei a Constituição no espírito e na letra, já que nas eleições presidenciais os partidos podem apoiar candidatos, mas não podem fazer mais do que isso e nem sequer podem propor candidatos. Na sequência das presidenciais, foi com surpresa e desgosto que recebi a notícia que o então líder do PSD, Cavaco Silva, decidiu colocar a questão ao Conselho de Jurisdição que, por maioria, aplicou-me a pena máxima, a pena de expulsão. Eu, que era militante fundador, o número 25, passei a deputado independente, mas a vida continuou", conta.

No mesmo processo político, segundo Oliveira e Costa, cerca de 20 outros militantes foram suspensos, dos quais cerca de dezena e meia sindicalistas da UGT.

"A Helena Roseta não foi expulsa, tendo entregado uma carta a pedir a demissão do partido no dia de reflexão da segunda volta das presidenciais, mas entendi que não tinha de mandar carta nenhuma, simplesmente, porque não tinha violado os estatutos do PSD. Aliás, no PS, os elementos que apoiaram Salgado Zenha não foram alvo de qualquer processo, nem conheço nenhum caso em outro partido (mesmo no PCP) a seguir a uma eleição presidencial. Foi um caso único", diz.

Rui Oliveira e Costa conclui que, por tudo o que se passou na altura e nos anos seguintes, Cavaco Silva não queria vê-lo dentro do PSD.

"Depois de tudo, eu também já não queria estar num partido que ele [Cavaco Silva] liderasse, de forma que acabou por ser um divórcio por mútuo acordo. Se Freitas do Amaral acabasse por vencer as presidenciais, penso que Cavaco Silva não teria feito o mesmo, porque é mais fácil ser magnânimo quando se ganha. Após ter apoiado Mário Soares, não estava a vê-lo suportar-me no Conselho Nacional do PSD. Isso para ele era uma impossibilidade e daí a pressa do próprio processo para concluir antes do Conselho Nacional que ia analisar as eleições presidenciais", advoga.

Depois de ter recebido a nota de culpa, Oliveira e Costa afirma que Nascimento Rodrigues, futuro provedor de Justiça, logo se ofereceu para fazer a sua defesa.

"Apresentei 15 testemunhas, entre as quais, o militante número um e presidente da mesa do Congresso e do Conselho Nacional, Francisco Pinto Balsemão, o presidente da Assembleia da República, Fernando Amaral, os presidentes dos governos regionais dos Açores e Madeira, Mota Amaral e Alberto João Jardim, o líder parlamentar, António Capucho, e o presidente da JSD, Pedro Pinto. Nenhuma das testemunhas foi ouvida, levei a pena máxima, mas registo a solidariedade de Pinto Balsemão, que se demitiu de presidente da Mesa do Congresso e do Conselho Nacional do PSD num gesto de solidariedade - e nunca mais voltou a ocupar qualquer cargo no partido. Nunca me irei esquecer desse ato", salienta.

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