"Quanto mais experiências andarmos a fazer que possam, em muitos casos, parecer e noutros serem mesmo adversas ao investimento, a um bom clima de negócios, à atração da confiança dos investidores, mais nós nos sentiremos penalizados e prejudicados", afirmou o líder da oposição.
Discursando em Paredes para algumas dezenas de militantes, incluindo vários autarcas sociais-democratas, Passos acrescentou: "Como ainda se viu na semana passada, a propósito da volatilidade grande que se viveu ao nível dos mercados financeiros, aqueles que se expõem mais e que se põem a jeito são aqueles que acabam por sentir mais diretamente as dificuldades no ambiente financeiro".
Para o ex-primeiro-ministro, "só há uma coisa que defende bem dessas dificuldades", porque depende do país: "É darmos o exemplo, sempre, da nossa absoluta determinação em ter, não apenas as contas em ordem, mas em seguir um caminho de reforma estrutural da nossa economia que torne o país de confiança, estável e previsível".
Passos avisou: "Se não nos podemos defender de todas as intempéries ou das dificuldades da envolvente externa, podemos pelo menos não nos pormos a jeito para que elas nos possam trazer mais dificuldades".
Para o presidente do PSD, "agora que o ambiente externo se revela novamente incerto e imprevisível, o país precisa de previsibilidade, estabilidade e confiança, e não de andar a fazer desafios aos investidores, aos nossos parceiros europeus, às instituições europeias e às instituições financeiras".
Num discurso por vezes voltado para o interior do partido, o líder social-democrata assumiu a sua intenção de "manter vivo" o projeto do PSD, considerando que "a proposta apresentada há menos de quatro meses para os eleitores não perdeu validade".
E acrescentou: "Quando muito terá ganho nova relevância, dado que o Governo que está em funções elegeu como objeto mais relevante da sua ação política desfazer aquilo que o Governo anterior tinha feito".
Passos disse estar preocupado com a reversão de determinadas reformas, porque muitas delas, no plano estrutural, "eram pensadas para atacar a causa dos problemas que levaram o país à rotura de 2011".
Apesar disso, o líder da oposição disse não se admirar "que um Governo que dependa da extrema esquerda mais radical e populista faça esta regressão, porque", acrescentou, "estas forças sempre se opuseram a que o país fizesse esta mudança estrutural".
Concluindo a sua intervenção, acrescentou não acreditar "que o país esteja disponível para fazer estas regressões e para as validar".
O ex-primeiro ministro visitou hoje uma fábrica de mobiliário em Lordelo, Paredes, e participou, a convite do presidente da Câmara, o social-democrata Celso Ferreira, na inauguração de um centro escolar naquela localidade.
Passos Coelho foi, naquele momento, agraciado pela Câmara de Paredes com a chave da cidade, o mais alto galardão do Município.