Na abertura das jornadas parlamentares do PSD, em Santarém, Luís Montenegro sustentou que o executivo chefiado por António Costa "entrou em campanha eleitoral" desde que tomou posse, porque, "embora esteja a iniciar funções, já está a vislumbrar a cessação dessas funções e a preparar-se para o embate eleitoral".
Mais à frente, a propósito do Orçamento para 2016, acrescentou: "Eu nunca tinha assistido a um Orçamento em primeiro ano de legislatura que fosse tão eleitoralista. Quase me apetece dizer que quem fez este Orçamento não está a contar fazer um segundo Orçamento - ou pelo menos para um segundo ano, se calhar vai ter de fazer um segundo, mas é dentro do mesmo ano. Todos os indícios apontam nesse sentido".
Luís Montenegro disse que não fazia esta afirmação "por hostilidade político-partidária" e considerou que "isto encerra em si mesmo um prejuízo muito grande para a vida de muitos portugueses e pode ser o princípio da tal austeridade cuja página este Governo quer virar".
No seu entender, a austeridade "está virada do avesso, mas ela está lá na mesma, mais injusta, porque afeta todos por igual".
Neste discurso, Luís Montenegro voltou a criticar duramente a proposta de Orçamento do Estado para 2016 qualificando-a de imprudente, irrealista, irresponsável e eleitoralista, mas não anunciou ainda o voto do PSD.
O líder parlamentar do PSD colocou a tónica na redução do horário da função pública para as 35 horas e no ministro das Finanças, Mário Centeno, declarando: "Para além do impacto orçamental, isto também vai ter um impacto no ministro das Finanças, e é um impacto na saúde dele. Isto vai ser uma grande dor de cabeça do ministro das Finanças".
O social-democrata criticou Mário Centeno por ter declarado que essa medida "não tem impacto no Orçamento, só tem impacto nas nossas caras", e observou que "o ministro da Saúde já deu a entender que as coisas não são bem assim".
Luís Montenegro acrescentou que, segundo o ministro da Saúde, a redução de horário do pessoal nos hospitais e centros de saúde obrigará a "horas extra" ou "novos contratos" para salvaguardar a qualidade dos serviços.
"Isto vai ser uma grande dor de cabeça do ministro das Finanças. Se ele pensa que esta alteração não tem consequências no funcionamento da Administração e não vai ter consequências no desempenho orçamental de 2016, então nós estamos mesmo muito mal", concluiu.
De acordo com Luís Montenegro, a forma como esta medida tem sido gerida demonstra que "há uma marca de grande irresponsabilidade por parte do Governo e da cara que devia ser a credibilidade da proposta orçamental, o ministro das Finanças".