Miguel Relvas e Vítor Gaspar não se entendem ou, pelo menos, não partilham a mesma visão dos mesmos temas. Em Janeiro, após a extinção da Inspecção-Geral da Administração Local, Relvas garantiu que os resultados das auditorias às autarquias continuariam a ser públicos. Na semana passada, o gabinete de Vítor Gaspar apresentou aos deputados uma versão de apenas 30 linhas destes resultados, escreve hoje o Diário de Notícias.
Após a integração da Inspecção-Geral da Administração Local na Inspecção-Geral das Finanças, Miguel Relvas garantiu no Parlamento que a transparência das auditorias às autarquias não seria posta em causa até porque os relatórios continuariam a ser públicos. “Por amor de Deus. Se acredita em Deus, pode acreditar nesta minha informação”, disse Relvas à deputada do Bloco de Esquerda, Helena Pinto, que considerava a fusão das duas entidades “um retrocesso em termos de transparência”.
No entanto, ao que parece Vítor Gaspar não partilha da mesma opinião e, na semana passada, perante os deputados, foi dada a conhecer uma versão diferente do caso. Os relatórios continuam a ser públicos, é certo, mas são apenas uma síntese das auditorias com apenas 30 linhas.
Através de um documento assinado pelo chefe de gabinete, Vítor Gaspar contradiz Miguel Relvas, esclarecendo que apenas se publica na internet “uma síntese de todos os relatórios publicados pela IGF”. Até porque essas sínteses somadas ao Relatório Anual de Actividades da IGF permitem, de acordo com o ministro das Finanças, “o controlo social relativamente aos principais problemas detectados, às alterações/ melhorias adoptadas e ao grau de cumprimento dos procedimentos”.